quinta-feira, dezembro 10, 2009

Não provoque!... é cor-de-rosa choque!...

Quando se faz uma pergunta, de forma sincera, do fundo de nosso coração, ao universo, o universo responde.
Ontem eu perguntei a um homem se ele era todo rosa. Hoje ele apresentou uma página da internet que ele tinha colorido toda de rosa.
Hoje eu vi um personagem rosa, de roupa rosa, levar um tiro.
Ele saiu são e salvo, do jeito que eu sabia mesmo que aconteceria.
Um personagem corajoso e rosa.
Sabe que difícil não imaginar agora tudo rosa: olho para as paredes, elas estão rosa, a cortina, a sala, o céu, a rua, as árvores, tudo rosa.
Quando o sangue deste personagem escorreu no chão, parecia que estava escorrendo de minhas próprias mãos. Sangue rosa.
E eu me lembrei da minha própria lesão.
Lembrei-me de quando vi algo se esvair das minhas mãos e escorrer pelo chão.
Mas isso já foi há muito tempo.
Mal podia saber eu que o mundo viria a ser rosa.
Eu, rosa. Eu, Rosely, rosa por dentro e por fora: minha pele, meus cabelos, meus olhos, minhas lágrimas, minha saliva, meu sangue, meu pulsar, meu olhar, meu respirar, meu ser em mim e minha vida... rosa.
Nunca poderia imaginar que, depois de tudo, tudo seria assim. E é bom.
Mas chega a hora de eu fazer as pazes com o espírito do tigre, essa força visceral.
Essa força além de mim.
Mas não me sinto mais ameaçada, porque algo de mim me protege. Todo esse rosa que se expande, esse rosa que se alastra, esse rosa que pertence a mim, que me justifica cada segundo de minha existência.
Sim, talvez antes as coisas não fossem assim com esta cor tão suave.
Talvez as cores fossem fortes demais, intensas demais, gritantes demais. Talvez fosse até insuportável viver com tantas cores me ofuscando e piscando diante de mim.
Mas tudo, tudo o que o tigre podia tirar de mim, se foi. Olho para as minhas mãos agora e vejo que não estive tão vazia.
Olho para as minhas mãos agora e vejo e sei e tenho certeza de que o que se perdeu nunca foi perdido.
E por mais que eu quisesse perder, por mais que eu quisesse jogar do precipício, nunca foi separado de mim.
Oi, tigre, oi tigre escarlate, oi tigre vermelho.
Oi tigre que tem nas presas restos do que eu achei que fosse meu um dia.
Não precisa devolver nada, tudo o que se foi já era, faz tempo, muito tempo.
Então, universo, já que você provou que me escuta, porque me responde, escuta agora, universo, a minha voz!
A minha voz rosa que vibra mais que o tempo, mais que o fogo, mais que todas as partículas infindas que me rodam, que exalam de mim.
Escuta a minha voz e decifra meu pedido, decifra-me.
Porque tudo o que já foi, já era.
E tudo o que está agora, está tudo rosa. Rosa que nem eu, rosa que nem Rosely. Como sempre tinha que ser, como estava marcado para ser.
Eu sou, sempre serei. Estou aqui.
Perceba-me.