sexta-feira, dezembro 29, 2006

domingo, dezembro 24, 2006

Noite feliz... Noite de paz...


Tá bom!... Tá bom!...
Eu também sou pega pelo espírito natalino e fico toda cheia de amor (deve ser por causa das sobremesas de chocolate que a gente fica fazendo, planejando ou adivinhando durante o dia).
De qualquer forma, meus amigos, meus leitores, meus companheiros de leituras e escritas, tenham uma noite muito feliz que prenuncie um ano muito feliz.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Ê, São Paulo! São Paulo da garoa...


Antes de ontem deu uma tempestade e eu estava presa no trânsito da Av. Brasil.
Nota: região nobre da cidade.
E além do congestionamento infernal e do mundo vindo abaixo, todos os faróis estavam fora do ar.
Então imaginem que confusão!
E sabem quantos guardinhas estavam lá a postos, dando uma organizada no trânsito? Nenhum!
Quando deu uma hora que já estávamos na Brasil, sem parar de chover, assim que entramos na República do Líbano (continuamos em região nobre...), vimos um guarda, coitado, sem capa de chuva, todo ensopado, no meio da chuva, apitando uma esquina.
Deu uma dó! Agora vai me dizer que São Paulo, uma cidade monstro como é, que arrecada sei lá quanto de impostos, não tem estrutura para dar conta de umas ruas sem farol? Reúne um grupo para multar para ver se não aparece um monte de gente! E não pode nem ao menos fornecer um uniforme decente?? Como que um guarda se apresenta desta forma, desprotegido de algo tão básico como chuva?
E viva São Paulo.
Não sei porque garoa, mas tudo bem. Vamos refazer a música:
"ê, São Paulo, viu? São Paulo da calamidade..."

terça-feira, dezembro 19, 2006

Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel


Há um lado meio triste do Natal: as "falsas" comemorações. Pessoas que passaram o ano inteiro correndo atrás do rabo da outra se reúnem para "confraternizar".
Há de se concordar que é necessário buscar uma realização profissional. Só que ela se enrosca às vezes na conta de ser ou de se transformar em alguém sem sentido nem sensibilidade para com as dores do outro. Ser cínico, ser traiçoeiro, ser duas caras, ser demagogo, levar vantagens em cima do trabalho dos outros, ser estressado e sem paciência, exigir de si e dos outros uma dita "excelência" de qualidade que muitas vezes é um disfarce para se assumir encargos de um departamento sobrecarregado, com poucos funcionários e nenhum subsídio. Tudo isso faz parte do ser corporativo. Palestras de motivação impulsionam as pessoas a superar limites de si mesmas, o que muitas vezes acontece de verdade: e extrapolar limites não é bom para ninguém a não ser para o lucro. E de que adianta ser um excelente profissional sem ser uma excelente pessoa? Dar conta de resolver grandes desafios na empresa e não conseguir dar conta dos problemas dentro de casa?
Sem contar algumas reuniões de famílias muito hipócritas. Pessoas que não querem que outras pessoas do mesmo sangue (ou não) percam a originalidade, a vez, a voz, a vontade e opiniões próprias que "têm" que se vestir de acordo com a ocasião, essas pessoas se reúnem e sentem que estão cumprindo um protocolo a favor da felicidade ou pelo menos "da coisa certa a fazer".
Basta rodarmos um pouco a cadeira no sentido horário (ou não) para reconhecermos todos estes aspectos de que falei.
Mas cá para nós, nesta vida louca, nesta época em que o tempo não pára e não dá chances, neste contexto em que só trabalhamos o dia todo, sem conseguir olhar para os lados, o Natal não é uma oportunidade de parar e falar com os amigos, ver aqueles quem a gente gosta, mandar uma mensagem, dizer que se ama??
Quantas vezes no dia fazemos isso?
Não, tem coisas que só fazemos porque este período de festas nos chama a fazer.
Deveríamos sempre convidar as pessoas que amamos para nossas casas, desencanar das nossas obrigações e ouvir o que os outros têm a dizer, respirar aliviado e comemorar cada uma de nossas pequenas vitórias a cada imenso desafio que nos aparece sem parar.
Sim, é um erro o natal. É um erro que só paremos para olhar para os outros porque uma convenção nos diz. Mas é um erro que cometemos todos os dias. Não adianta culpar o de fora se na verdade vivemos e seguimos ideais loucos e transtornados pela sobrevivência financeira.
Mas melhor com ele do que sem ele.
Se não fosse pelo natal, nunca faríamos o que devemos fazer no natal.
Viveríamos aplicados a bater os pregos eternos da linha de trem que não nos leva a lugar nenhum.

Feliz Natal, pessoal!!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Ando tão à flor da pele


Tem dia que se parece um sonho que se realiza. A gente acorda, o dia está lindo, o sol está a pino, está bem quente, e portanto o humor está em alta.
E parece que as coisas que a gente não dá conta de fazer (porque todo dia tem uma lista de atividades que não terminamos de cumprir) não está grudada na porta riscada de vermelho. Ela sem querer caiu embaixo da geladeira.

Ontem por exemplo assim que acordei fiz uma torta salgada, fiz um bolo, dividi uma coalhada seca e temperei em diferentes patês, limpei a casa, enfeitei-a com adereços de natal, coloquei uma toalha de mesa natalina e trouxe algumas flores do jardim.
Tudo para esperar um amigo meu que vinha me visitar.
Eu tinha comprado para ele um conjunto de lápis, um adesivo grande e colorido, um bonequinho amarelo desses de corda que ficam pulando. Embrulhei em papéis coloridos.
E quando ele chegou, fiquei tão feliz! Ficamos conversando até de madrugada, enchemos bexigas, comemos, fizemos caipirinha. Ele me deu um rolo de macarrão, dois copos de vinho, um pote decorado.
Ai, que saudades do meu amigo!! É tão bom vê-lo, mesmo que seja assim, por poucas vezes que a vida é tão corrida...
E para terminar a noite, eu e meu marido após levá-lo de volta para casa ainda fomos tomar um café delicioso.
Alimenta a alma ter momentos tão bons quanto estes que passei ontem!

sábado, dezembro 16, 2006

Linda garota de Berlim

Outro dia, visitando um blog (http://garibada.blogspot.com/2006/10/indstria-da-beleza.html), lendo um post chamado "Indústria da Beleza", assisti a um vídeo do youtube muito curioso. Neste link vocês mesmos podem conferir. Recomendo também que vocês dêem uma espiada no restante do blog, tudo é bem interessante e criativo.

Sei que o que vou falar não é novo, mas não dá uma vontade de dizer o que se tem para dizer?
É que eu estava pensando como é ruim se tornar uma coisa que não é, e ainda por cima para tentar ser uma pessoa igualzinha às outras. Tanto esforço para se tornar diferente indo de encontro a uma referência de beleza (muitas vezes falsa, diga-se de passagem), que ao invés de se tornar algo exclusivo, se vai de encontro a uma "uniformização".
Outro dia fui cumprimentar uma menina que tinha acabado de conhecer no dia anterior e a confundi com outras meninas que estavam por ali por perto. Mas a gafe não foi à toa: fiquei reparando que todas tinham o mesmo cabelo, o mesmo corpo, a mesma roupa, tudo tão parecido que até parecia um encontro de escoteiros. Putz, juro que não é maldade, eu mesma já pintei cabelo e o escambau, mas não é triste quando alguém tenta mudar tudo o que tem tendo em vista um outro modelo que não é o espelho?
Por acaso algum seio não excita o ser amado, e não se excita ao toque do ser amado?

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Mais louco é quem me diz e não é feliz!... Eu sou feliz...

Para quem está na onda do youtube, aqui vai o meu preferido:

http://www.youtube.com/watch?v=MVoLqL3YYl8
(ah, eu sei que dá para postar o vídeo direto, mas ainda não me cadastrei...)

NÃO SE PODE SER MAIS FELIZ é uma das versões do nome deste vídeo...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

E vou gritar para todo mundo ouvir


Nossa, quando eu vi esta foto, lágrimas vieram aos meus olhos. Tá certo que não estou passando pela melhor semana do mundo e estou um pouco emotiva (demais).
Mas coincidentemente antes de ontem tive uma recordação muito bonita desta época.
Foi assim: eu estava no gramado do clube dos estudantes da Usp (estava com a carteirinha da piscina desatualizada e por isso fui tomar sol perto da pista de corrida), ao lado de algumas outras pessoas, com um biquíni que eu gostava muito, de repente apareceu um amigo meu, o Paulão, me convidando para jogar futebol. O melhor desta lembrança é que eu senti com muita nitidez como eu estava me sentindo naquele dia: eu estava muito feliz. Feliz mesmo. Estava um lindo dia de sol, eu tinha ido sozinha, mas nada triste, encontrei-me com uns amigos, e por acaso este também foi um dia muito bom no que diz respeito à minha performance esportiva: não perdi nenhum gol e ainda fiz umas defesas sensacionais. Um monte de gente ficou batendo palmas para mim.
Me fez lembrar de como eu era antes de tudo o que aconteceu depois. Tudo o que me aconteceu e me deixou muito triste. Tudo o que aconteceu e tirou de mim muito de minha vitalidade. Tudo o que me deixou só, desamparada, com dor, com lágrimas, com o peito tão carregado que por um tempo eu nem sabia direito quem eu era. Um período de muita luta. De doença, mas de muita resistência, de muitas tentativas, de muita busca. De muita frustração também. Mas nunca de desistência. Eu nunca desisti.
Não passei por apuros de risco de vida. Não tive nada extremo como câncer.
Mas a escuridão foi grande. Uma escuridão que desandou minha carreira. Que me desafiou a querer voltar a ser uma pessoa normal. Que me desafiou o orgulho: como eu, uma pessoa tão cheia de vida, poderia estar tão submetida a algo que me limitava tanto e me machucava tanto.
Mas uma surpresa para mim: a vida não tem um filtro seletivo lógico para levar sofrimento para as pessoas. Não tem ninguém imune. Não tem ninguém com cartão de isenção. Qualquer coisa pode acontecer a qualquer um.
Não somos melhores que ninguém nesta vida.
Ninguém é.
Mas eu tenho uma surpresa para vocês. Uma surpresa para a vida também. Eu superei o que havia de ser superado.
Eu me curei fisicamente.
E estou descobrindo que há um caminho para a cura emocional também. Porque parece que as cicatrizes invisíveis ardem mais que as que ficam marcadas no corpo. Atrapalham mais. Nebulam mais. E a gente não consegue seguir em frente até que tudo esteja bem.
Foi muito importante para mim esta lembrança tão viva da época em que nada tinha acontecido ainda. Me fez perceber como eu era antes, e como se acumularam as conseqüências de tudo o que eu passei.
Não sei se é algo que eu tenha que resgatar, ou que tenha que reconstruir, ou que tenha que criar do novo.
Mas agora tenho certeza de como quero me sentir.
Eu quero tirar de dentro de mim a pessoa que eu sou, a pessoa sorridente e calma e segura que sou.
A pessoa que é tão capaz de amar que compreende até quem me magoa, que age com violência, com ou sem intenção. A pessoa que sou que é tão forte que é capaz de superar tudo, tudo, tudo.
Estão vendo o sorriso da foto?
É este que vocês vão ver estampado em mim. Um sorriso bonito, cheio do que tem que ter um sorriso.
Ai, o que seria de mim sem meus amigos e sem as pessoas que me apóiam o tempo inteiro?

sábado, dezembro 09, 2006

É pau, é pedra, é o fim do caminho

Outro dia passei por uma experiência muito desagradável no metrô.
Eram umas oito da noite, estava indo ver a peça de teatro de um amigo na Liberdade.
Na estação Paraíso, onde faríamos a baldeação, nos deparamos com uma enxurrada de gente que não acabava mais. Mas tanta gente que o metrô mal conseguia fechar as portas, e todas as pessoas ficavam espremidas e sem ação.
Uma vez eu fiquei neste estado dentro do metrô sem me mexer e sequer consegui descer na estação que precisava. Isso só me foi possível umas duas ou três estações depois.
Olha, eu sinceramente não sei como é que as pessoas conseguem aguentar este trampo todos os dias.
Porque todo esse povo não estava na rua pelo mesmo motivo que eu: a maior parte estava apenas voltando do trabalho para casa. E repetem este percurso todos os dias.
O funcionário do metrô anunciava no microfone: "por favor, não cause atrasos, não impeça o fechamento das portas". Este aviso seria coerente se não fosse o detalhe que isso era praticamente impossível. Porque a situação era tão difícil que nem metade das pessoas que estavam na fila conseguiam entrar. Imagine se é praticável que todos tomem cuidado numa cilada dessas. Ah, cada vez que o funcionário se pronunciava meu sangue fervia. O que ele era, afinal, cego? Não estava vendo o sufoco que nós estávamos passando? E ainda vem culpar o atraso dos cidadãos e não do próprio sistema de transporte? Como dar bronca? Ele deveria estar pedindo desculpas de cinco em cinco minutos, e não enchendo o saco.
Uma hora entre a casa e o trabalho ou o estudo é sorte. Duas é o usual. Três é um absurdo. Mas há ainda aqueles que demoram mais de três horas. E não por causa da distância, mas por causa da ineficiência dos transportes e da desestrutura da cidade para suportar tanta gente e tanto carro.
Duas horas para ir, duas para voltar, são quatro horas do dia. 20 horas da semana. 80 horas no mês. Tempo de vida das pessoas que se escoem nas ruas e nos bancos dos metrôs, dos trens, dos ônibus e até dos assentos dos carros.
Cruz credo!!!

Como o povo brasileiro consegue ser assim tão passivo?

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Hollywood é logo ali bem perto!

Este é o meu post número 100.
Queria que fosse muito especial.
Já é a centésima vez que escrevo para este blog e ando muito satisfeita com isso.
Porque é bom ter um lugar para brincar, para divulgar o que a gente pensa, para trocar idéias, para saber das experiências dos outros.
É muito divertido ficar trocando comentários com meus amigos.
A gente vê umas idéias geniais em blogs. Com vídeos e tudo.
Minha homenagem aos meus amigos, blogueiros ou não! que são a minha família. Quer alguma coisa mais especial do que os amigos que a gente tem na vida?
Bom, é um post curto.
De marcar presença. De mostrar contentamento.
Post que sorri mansamente, no canto dos lábios.
Mas com o peito aquecido.

Uma plantação de bambus, todos batendo suavemente uns nos outros, produzindo um adorável sussurro.
À beira do mar, com mansas ondas cristalinas. O vento coopera nesta paisagem: e chama-se brisa.
Córrego também, por que não? Que corta a fazenda. Às margens, lírios perfumados que lançam às vezes na corrente da água uma ou outra folha.
Apenas um gramado. Que se estende para todos os lados.
Ouvindo os cantares das cigarras, de olhos fechados. O cheiro da terra molhada.
À sombra de uma árvore imensa, de folhas largas, de tronco confortável.

domingo, dezembro 03, 2006

Rock-nd-roll meio non sense

No fast-food.

"Você tem que se alimentar melhor!" (Como se estar ali no fast-food dependesse completamente da criança e não da mãe que a tinha levado até lá).
"Não vê que está gorda? Nessa idade e já precisa fazer regime... não se toca, não?" (Ai, ai... tem mãe que não percebe que é um bombardear de traumas para cima do filho... ou da filha, neste caso. E é lógico que a mãe nem se enxerga, né, porque sinto muito está uma balofa. E não deve fazer ginástica também. E se bobear, ainda fuma - mas isso eu já estou presumindo).
"Eu, por exemplo, hoje só comi uma salada!"
Então vem alguns segundos de silêncio. Um silêncio de respeito, afinal, ela está se esforçando para dar o exemplo.
"... e uma lingüiça!"

Aí eu não aguentei, cai na gargalhada.
Ah, deu para disfarçar, fingi que tinha contado algo muito engraçado e em seguida contei o que eu realmente tinha acabado de ver e ouvir.
Tem piada que vem pronta mesmo.
E é tão absurda que nem parece verdade.

Olha, eu não sou por esta via de interpretação de beleza, quanto mais esquelética melhor.
Adoro meu marido fofinho (mas nem tanto, né? - mas que ele fica liiiiindo mais cheinho, fica mesmo).
E acho lindas umas meninas gordinhas que conheço. É uma pena que às vezes elas não se gostem tanto, porque acabam desperdiçando o potencial sensual que têm. Mas, enfim, ser um esqueleto ambulante eu não acho muito legal.
Para mim, a libido está relacionada ao cuidar de si, de se curtir pra caramba, de ousar no visual, enfim, de ser e de se apresentar uma pessoa bonita.
Sim, a beleza interior ajuda, mas não é só ela que manda, não. Tem que estar usufruindo dos cabelos que tem, do rosto que tem, do corpo que tem. Nas suas medidas, sejam elas quais forem.
Mas neste caso desta mulher louca do fast-food, poupe-me.
Vai ser sem noção assim lá na p.q.p.

sábado, dezembro 02, 2006

Eu estava aqui o tempo todo


Tem cenas que a gente vê e nem acredita que é verdade.

A mulher põe o cachorro no colo.
"Ele está cheio de pulgas! Ele está cheio de pulgas! Mas eu não tô encontrando..."
E vai espremendo a barriguinha branca e rosa do cachorrinho, que se contorce para cá e para lá, levando as patinhas para esquerda e direita tentando se defender o máximo.
E espremeu tanto a barriguinha de um jeito tão indelicado que por fim o cachorro naturalmente se virou e mordeu a mão da mulher.
O cachorro foi para o chão de uma vez.
"Seu idiota! Seu idiota! Estou te ajudando e você não reconhece! Retardado! Não vê que tô te ajudando?"
E o cachorro sai pela porta aliviado.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Eu queria tanto te dizer aquilo tudo que eu decorei

Quando a gente menos espera, passou o ano. Chega dezembro para dar risada da nossa cara.
E tudo o que a gente tinha planejado é capturado pelo tempo e sem mais nem menos o pedido do resgate não vem.
Então começa aquele papo todo de mais um ano, mais uma chance. Acho que é só mais um rapto.
O bom é que a gente aprende a dar risada das próprias tristezas e inventa algumas saídas para ao menos se sentir aliviado ou satisfeito ou ainda muito feliz em pelo menos parte da nossa vida.
E vem alguns sinais de que o tempo está agindo no corpo, na mente, nas pessoas, na família, na nossa dinâmica. Bons sinais.
Estamos cumprindo um legado da humanidade: sobrevivemos.
Agitemos os músculos, estimulemos o pensamento.
Respiremos.
Como um náufrago que mira a mesma praia com os olhos sujos e que não sabe o que o mar lhe vai trazer.
De qualquer maneira, surpreendemo-nos o tempo inteiro. E talvez nas coisas mais simples encontremos grandes signos, grandes significados para a nossa vã existência.


terça-feira, novembro 28, 2006

Ainda que eu falasse a língua dos anjos

Marguerite Duras publicou o livro O Amante em 1984. Dizem as más línguas que este texto é auto-biográfico. Isso porque a personagem vive um tempo o mesmo de sua infância, no mesmo lugar onde a autora nasceu e cresceu: Indochina. Envolvida em um escandaloso romance, a personagem mistura os focos narrativos, eu e ela tratam da mesma garota, eu em cenas mais cotidianas e descritivas, ela em ambientes emocionais (muitas vezes sexuais).
Assim começa a estória:

"Um dia, eu já tinha uma certa idade, no hall de um prédio público, um homem veio até mim. Ele se apresentou e me disse: 'Eu a conheço desde sempre. Todo mundo diz que a senhora era bonita quando jovem. Eu vim lhe dizer que, para mim, a senhora é mais bonita agora do que quando era jovem. Gosto menos de seu rosto de moça do que o de agora, devastado'."

http://www.ambafrance.org.br/abr/label/label24/letras/duras.html

domingo, novembro 26, 2006

Água para beber

Este Livro
.
Meu filho.
Não é automatismo. Juro.
É jazz do coração. É prosa que dá prêmio.
Um tea for two total, tilintar de verdade que você seduz,
charmeur volante, pela pista, a toda.
Enfie a carapuça. E cante.
Puro açúcar branco e blue.
.
Ana Cristina César
.
.
Tenho adquirido o hábito de tomar chás.
Café também, que não gostava tanto de café.
Mas depois que descobri o café curto, vi que o que gosto mesmo é de café bem forte.
E sabe de uma coisa? Minha compulsão por chocolates diminuiu muito. Eu acho ótimo, e isto não pode ser coincidência. Porque antes, eu tinha vontade de comer chocolate todos os dias.
Mas agora café me basta.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Andar com a fé eu vou, que a fé não costuma faiá

Pessoal, esta palestra, pela sinopse, parece ser bem interessante.
Se alguém tiver mais informações a respeito, pode mandar.
Eu vi alguns cartuns do palestrante e gostei muito.

no site tem outras atividades também: http://www.centrocultural.sp.gov.br/programacao/consciencia_negra.htm

dia 24 Palestra Traços de liberdadecom: Maurício Pestana (cartunista) Como o personagem negro é focalizado na literatura e nos meios de comunicação, nas diversas mídias, principalmente no cartum e nos quadrinhos. Sexta, às 19h30 - Gibiteca Henfil

segunda-feira, novembro 20, 2006

Preta, preta, pretinha

"Dia 20 de novembro é o dia Nacional da Consciência Negra. A data marca o assassinato de Zumbi, em 1695, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares.
O reconhecimento dessa data para lembrar a contribuição negra à história brasileira, e as mazelas da escravidão e do racismo, reveste-se de muitos significados.
Primeiro, é uma referência a um líder negro, lembrando que a história oficial pouco reconhece heróis populares, muito menos da raça negra. A data substitui pouco a pouco o 13 de maio, uma data da história oficial, na qual se comemora uma liberdade por decreto. ¬Liberdade que trocou a senzala e o pelourinho pelo racismo velado e pela discriminação sistematicamente arquitetada.
Símbolos da cultura negra continuam sendo desarticulados e transformados em signos folclóricos de brasilidade. Até uma apetitosa iguaria, o acarajé, tem sido identificado pela intolerância como símbolo do demônio. Mal sabem eles que o acarajé será registrado pelo IPHAN como patrimônio imaterial da cultura brasileira".
http://www.sesctv.org.br/editorial.cfm

Hoje, em São Paulo, é feriado.

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.

Muito feliz esta iniciativa. Tem um monte de feriado no ano que passa e a gente não sabe nem o que é, só pensa alegremente no dia de folga, ou no passeio, ou na praia, enfim, o dia comemorativo acontece e não há nenhuma repercussão nas pessoas.

Porém, este dia da consciência negra me parece diferente, porque ouvi muita gente comentando, até com muitas dúvidas, sobre este dia e sobre a importância ou não deste feriado. Eu acho ótimo que se motive um monte de eventos para personagens, personalidades, estórias, expressões diversas e negras.
Afinal, embora a mídia seja composta de atores e apresentadores e etc todos brancos (ah, sim, agora tem meia dúzia de negros na novela), na realidade o Brasil é negro. Nós, brasileiros todos, precisamos redescobrir as nossas culturas, porque sempre fomos enganados por uma ideologia branca. Precisamos descobrir o que há de África em todos nós. Não somos apenas os imigrantes europeus. Não somos apenas os portugueses.
Somos o que veio de todos os lados do mundo.

Mas desconhecemos África.

África no máximo é uma visão de safári no meio da selva. São algumas tribos selvagens. São algumas religiões estranhas, objetos místicos.
A estória da África muitas vezes se resume inescrupulosamente um século de escravidão, onde os negros sofreram um pouco. Foram dominados sem resistência, embarcados nos navios negreiros. Como se não passassem de uns coitados.
Temos a impressão de que o mundo pode ensinar a África, mas que a África não tem nada a nos ensinar. Como se África fosse um país desamparado economica, financeira, cultural e intelectualmente.
Como se África não tivesse ensinado NADA para o Brasil.
Como se a civilização tivesse transformado os negros que chegaram aqui, e não o CONTRÁRIO.

Mas a verdade não se transforma pelas palavras. A verdade só se transforma na cabeça das pessoas. Não se transforma na realidade. E a realidade é que o Brasil é o que é hoje porque também é fruto de ÁFRICA.
SOMOS FILHOS DE ÁFRICA TAMBÉM.

Também temos que chamá-la de MÃE, e agradecer tudo o que ela nos deu.
Nossa vida, nossa comida, nossa música, nossa dança, nossa ancestralidade.

Que povos viviam em África? Que reinos? Que tecnologias existiam? Que culturas, que princípios, que compêndio intelectual adormeceu com os mais velhos, que contavam estórias e que se calaram?
Qual a geografia dos seus países, quais seus climas variados, quais são suas etnias, quais as riquezas materiais e imateriais?

Segue poema Ah! Se pudésseis aqui ver poesia que não há!, de António Jacinto, poeta angolano. Retirado do livro: Sobreviver em Tarrafal de Santiago.

Um retângulo oco na parede caiada Mãe
Três barras de ferro horizontais Mãe
Na vertical oito varões Mãe
Ao todo
vinte e quatro quadrados Mãe
No aro exterior
Dois caixilhos Mãe
somam
doze retângulos de vidro Mãe
As barras e os varões nos vidros
projetam sombras nos vidros
feitos espelhos Mãe
Lá fora é noite Mãe
O Campo
a povoação
a ilha
o arquipélago
o mundo que não se vê Mãe
Dum lado e doutro, a Morte, Mãe
A morte como a sombra que passa pela vidraça Mãe
A morte sem boca sem rosto sem gritos Mãe
E lá fora é o lá fora que se não vê Mãe
Cale-se o que não se vê Mãe
e veja-se o que se sente Mãe
que o poema está no que
e como se vê, Mãe
Ah! Se pudésseis aqui ver poesia que não há!
Mãe
aqui não há poesia
É triste, Mãe
Já não haver poesia
Mãe, não há poesia, não há
Mãe
Num cavalo de nuvens brancas
o luar incendeia carícias
e vem, por sobre meu rosto magro
deixar teus beijos Mãe, teus beijos Mãe
Ah! Se pudésseis aqui ver poesia que não há!

Mais alguns poemas deste autor:
http://betogomes.sites.uol.com.br/AntonioJacinto.htm

quinta-feira, novembro 16, 2006

Escute esta canção, ou qualquer bobagem

Às vezes um pouco de bobagem para a gente distrair de tanta coisa que tem para fazer.

Coisas que todo mundo (aduto) deveria fazer pelo menos uma vez na vida:

Pular de pára-quedas
Brincar em um parque de diversões que nem criança
Discursar para um público de mil pessoas ou mais
Andar de navio
Viajar de avião
Andar de trem
Ver o mar
Ver o nascer do sol, ver o pôr-do-sol
Cruzar o oceano
Aprender ao menos uma língua estrangeira
Visitar o rio Amazonas
Ir em uma festa de milionários
Ir em uma festa em uma comunidade muito pobre
Conhecer
Ter um amigo muito mais jovem e um amigo muito mais velho, sem sentir as diferenças
Tocar um instrumento musical
Escrever um livro
Plantar uma árvore
Ter um animal de estimação
Espiar em um telescópio bem potente, para ver as estrelas e o universo
Mergulhar
Fazer uma viagem longa de carro
Perder-se numa banheira de espuma
Passar um dia no spa
Estudar a fundo um tema de interesse
Fazer terapia
Mudar radicalmente o visual
Repensar a maneira de viver
Ter um filho (ou adotar)
Ter um mestre
Ser um mestre
Saber uma tarefa artesanal ou manual
Tirar fotos e ser fotografado
Ir ao teatro, ao cinema, a espetáculos artísticos
Pegar um autógrafo
Dar um autógrafo
Ter um hobby

Não falei que eu estava a fim de escrever BOBAGENS para distrair a cabeça????
Então, último item da lista: escrever bobagens no blog para distrair.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Menino do rio

"Quem é este cara?"
Eu e o Márcio olhamos para aquele miúdo de bermuda folgada. Tinha acabado de nos pedir um trocado. Então expliquei que era o Padre Anchieta, um poeta que tinha vindo para o Brasil há muitos e muitos anos, um espécie de padre que escrevia poemas na areia da praia. Ficamos um pouco ainda na frente da estátua.
"E as nuvens, do que será que são feitas?" - continuou o menino, verificando que podíamos ter respostas a suas dúvidas.
"São vapores que subiram até o céu. Sabe quando você ferve água, não sai uma fumacinha? É a água que se transformou. O sol esquenta as águas que estão por aí, inclusive do mar. Todos os vapores sobem e se encontram lá em cima. Formam as nuvens. Uma hora as nuvens ficam bem pesadas e começam a baixar. Uma hora, elas esfriam um pouco e se transformam em água líquida de novo. Por isso, chove."
O menino nos olhava com aquele olhar de quem quer aprender cada vez mais. Não sabia quase nada do funcionamento do mundo.
Tããããão lindinho!
Isso já faz tempo. Lembrei-me disso porque hoje estávamos na rua, o Márcio tirou uma folha da árvore. Um menino estava guardando o carro. Veio correndo atrás da gente:
"Tio? Tio? Por que o senhor pegou a folha da árvore?"
O Márcio explicou que era para ver como eram os nervinhos da folha e fazer igual no quadro.
"Ah... para pintar, né..."

terça-feira, novembro 14, 2006

Acredite se quiser...


...hoje faleceu o Jack Palance.
Eu gostava tanto do programa dele...
Podiam reprisar...

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u65970.shtml

o Haiti é aqui, o Haiti não é aqui


Não sei vocês, mas eu acho que o Sebastião Salgado faz muito juz à sua fama!
Adoro suas fotos! A gente pode ficar analisando cada imagem, verificando muitos detalhes, retirando uma porção de mensagens, conhecendo partes do mundo que a gente nem imagina que possa existir (às vezes muito mais próximo da gente do que possamos imaginar...).
Ele por vezes retrata um mundo que parece tão distante de nós, tão improvável de ser verdade, que desafia a nossa razão e a nossa dimensão do que é a vida.
Mais do que o exótico, Salgado retrata pessoas reais, que passam por situações reais, por mais inóspitas que possam ser. E que ocorrem no tempo atual, não no tempo de Cristo ou na Idade Média, como pode causar impressão.

segunda-feira, novembro 13, 2006

E sempre faz o que bem quer


"Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem." Lya Luft

http://www.releituras.com/lyaluft_bio.asp

sexta-feira, novembro 10, 2006

Mais vale ser alegre que ser triste

Este blog anda muito pessoal ultimamente.
Acho que é porque não tenho tido muito tempo para escrever, e quando páro, acabo seguindo o caminho mais fácil: o de falar coisas que estão mais à margem da minha cabeça, mais à superfície.
E pensar sobre o mundo cansa um pouco também.
Principalmente porque gosto muito de pensar no que nos incomoda no mundo, não é à toa que estudo a violência no meu mestrado.

Por isso hoje vou fazer uma forcinha e escrever sobre algo muito positivo.
Vou pensar um pouco hoje sobre a vida alternativa.
Que, aliás, nem deveria se chamar alternativa, deveria se chamar a mais óbvia.
Porque se ser alternativo significa ser um pouco mais saudável, isso quer dizer que o mais comum é ser assim mais adoecido.
Tá vendo? De novo essa questão do mundo podre invadindo o meu blog.
Não tem gente que torce o nariz para a vida alternativa?? Isso porque está todo mundo muito acostumado a ser doente, a comer coisas que não prestam, a não se importar nem um pouco com o corpo ou com a mente ou o que o mundo nos faz.
Muita gente torce o nariz para a vida alternativa porque se acostumou a uma vida ruim.
Pois bem, tenho orgulho de pensar e ser um pouco alternativa da vida comum.
Ser alternativo é pensar que estar preguiçoso durante um dia está relacionado a algum fenômeno integrado do seu estado interior com algum fator externo.
Pode estar relacionado com o que dizem as estrelas, pode estar relacionado com o movimento do universo.
Porque não estamos desconectados de um movimento maior que nos envolve.
Acho que às vezes, porque somos racionais, pensamos que podemos ter controle de tudo sozinhos, e que ditaremos o nosso estado de pensar e de ser e de agir como bem nos apeteça.
Mas não é assim, não.
O corpo respira quer a gente pense nisso ou não.
Nem sabemos se o corpo entrou em contato com alguma bactéria e está se defendendo, está se mobilizando para se manter saudável.
Não sabemos se algo que comemos ou que bebemos ou que cheiramos nos causou algum conforto ou desconforto orgânico.
Por mais que pensemos que temos controle de tudo, na verdade nem as nossas vontades celulares a gente sequer conhece.
Nosso próprio corpo, portanto, está fora de nosso controle.
Muito do que acreditamos não passa de ilusão.
E muito do que sentimos, não passa de vício.
Por exemplo: pode-se ter o vício de ser infeliz.
Pode-se ter o vício de ficar zangado.
Pode-se ter o vício de comer chocolate.
Porque o corpo se acostuma a produzir determinadas substâncias e acaba aprendendo a conviver com elas. Acaba precisando delas.
Vida alternativa muitas vezes é relacionada, e indevidamente eu diria, a um estado de relaxamento total, mas nem tudo que precisamos fazer é fácil, ou adquirimos na simplicidade de uma meditação.
Às vezes, é preciso muita CORAGEM e FORÇA para enfrentarmos o nosso organismo e a nossa mente e tomar atitudes para nosso próprio bem.
Podemos rejeitar arduamente a disposição para mudanças, para atitudes.
A culpa por vezes nos "protege" de enfrentarmos os nossos fantasmas.
Porque é mais fácil ser um infeliz consolado do que um ser de falhas e talentos que bota a cara para bater.
Mas o bom é que quando a gente supera uma primeira fase de mudança, o resto fica bem mais fácil.
Parece difícil parar de tomar refrigerante, por exemplo, se tomamos todos os dias. Mas não adianta só estabelecer a privação: é preciso descobrir os prazeres dos sucos, das águas (há diferentes águas com diferentes gostos), os prazeres das bebidas aquecidas. O doce, o amargo, o azedo, o salgado. Se a gente só decidir parar de tomar refrigerante sem se dispor a encontrar alternativas no mundo, parece que não estabelecemos nada além de um castigo. E não é esta a proposta de seguir uma vida mais saudável... a idéia é a de assumir mais prazeres e não o contrário!
Por que ser mais feliz é alternativo?? Então o comum é ser mais triste? ou no mínimo inconsciente do que faz mal.
É, ser alternativo dá trabalho, porque a gente se informa mais sobre o que come, como se vive, como se age. E tem que enfrentar os fantasmas. E tem que ser melhor com o meio ambiente e com o mundo, porque só as pessoas mesmo que podem modificá-lo. Ou seja, a gente...
Boa sorte a todo mundo!!!!
Um beijo alternativo...

sábado, novembro 04, 2006

Lá vem o pato

Como é bom se lembrar dos livros que a gente leu na infância!!!

O burrinho alpinista certamente foi um dos mais importantes! É a história de um burrinho que contraria a expectativa de sua vida, a de ser um burrinho pacato, e escala uma montanha para ver o que há do outro lado...

Monteiro Lobato e suas mil e uma aventuras! Como era gostoso de ler as histórias do Sítio do Pica-pau Amarelo!

A fada que tinha idéias - puxa, que livrinho genial... conta a história de uma fadinha aprendiz que resolve seguir as próprias idéias ao invés de ater-se às lições de seus professores. Lógico que ela acaba se envolvendo em muitas confusões!

O menino maluquinho, ah, como eu gostava! Eu aproveitava os riscados do livro e pintava os personagens. Duplo divertimento! Eu ficava planejando me divertir tanto quanto o menino maluquinho, para quando crescesse pudesse ser uma adulta feliz (ainda não adultei de tudo, mas parece que deu certo!).

Quando eu era criança, ia na biblioteca duas vezes por semana, porque só se podia pegar sete livros de cada vez. Quando eu devolvia os livros, ficava comentando sobre eles com a bibliotecária. Então ela me abriu uma excessão e eu levava dez livros por vez. Foi quando descobri as revistinhas Salaminho e Mortadela, eram muito engraçadas!

E então passei para a série vagalume, li o Meu pé de laranja lima (como todo mundo da época), descobri Carlos Drummond de Andrade aos onze anos... puxa, tive muita sorte. Li alguns clássicos no ginásio, Alexandre Dumas (pai), Dom Quixote...
Tinha um livro psicodélico Manu, a menina que sabia ouvir, com vários episódios surreais.

Bom... não posso me queixar. Fui uma criança que pedia livros de presente.

Engraçado que, sem saber que eu estava falando sobre este assunto, o Márcio fez uma panela de mingau. Ele me ofereceu e perguntou: "Está cuidando da criancinha Rosely?"
Baita coincidência.

quinta-feira, novembro 02, 2006

E as fumaças não contam histórias

Não fumo.
Já fumei alguns cigarros.
Faz tempo... nem me lembro quando foi a última vez que coloquei um cigarro na boca.
O estranho é que a vontade de fumar nunca me abandonou.
Diminui um tempo, desaparece, até esqueço.
E tem uns tempos que esta vontade volta... vontade de pegar um cigarro, fumar, sentir o cigarro nas mãos, ver a fumaça saindo da ponta.
Assoprar a fumaça, senti-la dentro do corpo.
Quando se inspira a fumaça de um cigarro, inspira-se forte. Como se levasse um sustinho.
Também assopra-se forte a fumaça.
Segurar o cigarro com a boca.
Pequenos e insignificantes gestos, por que esta vontade que dá?
Cabelos que ficam cheirando depois, isso não presta.
Dentes que se mancham.
E eu tenho bronquite, não deveria nem pensar em cigarro, que já faz mal.
Não dá para explicar.
Quando eu era criança, sonhava que estava fumando. Aliás, às vezes ainda tenho este sonho: que estou fumando.
Não sei explicar. Só sei que passo vontade.
E vou continuar passando se a vontade insistir.
Às vezes, penso: só unzinho não vai fazer nada...
Mas unzinho se transforma em vinte rapidinho.
Ai, ai... pra que esta vontade, hein?
Acendo um insenso para disfarçar.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Você é um rei / E eu, um barão / Eternamente vermelho / Totalmente doidão

Frantz Fanon publicou, em 1961, o livro Os condenados da terra. Trata-se de um apanhado de suas experiências como psiquiatra e como militante pela libertação de Argélia, ainda colônia da França. Neste e em outros livros seus, defende idéias de revolução para a descolonização de África. Para ele, os europeus estabeleceram uma superioridade racial para legitimar exploração de negros e árabes, fenômeno imposto por violência e que só seria banido por violência.
Fanon morreu no mesmo ano por leucemia, não tendo oportunidade de ver seu país livre, o que só aconteceria em 1964.
Só de curiosidade, os países colonizados por Portugal só tiveram proclamadas independências em 1975.

"O colonizado está sempre atento porque, decifrando com dificuldades os múltiplos signos do mundo colonial, jamais sabe se passou ou não do limite. Diante do mundo arranjado pelo colonialista, o colonizado não é uma culpabilidade assumida, é, antes, uma espécie de maldição, de espada de Dâmocles. Ora, no mais fundo recesso de seu ser, o colonizado não reconhece nenhuma jurisdição. Está dominado, mas não domesticado. Está inferiozado, mas não convencido de sua inferioridade. Espera pacientemente que o colono relaxe a vigilância para lhe saltar em cima. Em seus músculos, o colonizado está sempre à espera. Não se pode dizer que esteja inquieto, que esteja aterrorizado. Na realidade está sempre pronto a abandonar seu papel de caça para se tornar o de caçador". (p. 39/40)




"Na pintura de Richard Westall, A Espada de Dâmocles, (1812) os belos rapazes da anedota de Cícero foram transformados em virgens para gosto do patrono neoclássico Thomas Hope."


"Dâmocles é uma figura participante de uma anedota moral que foi uma adição tardia para a cultura grega clássica.
A personagem pertence mais propriamente a um
mito que à mitologia grega. A anedota aparentemente figurou na história perdida da Sicília por Timaeus de Tauromenium (c. 356 - 260 a.C.). Cícero pode tê-la lido no Diodorus Siculus. Ele fez o uso dela em suas Tusculan Disputations V.61 - 62.
Dâmocles, ao que parece, era um cortesão bastante bajulador na corte de Dionísio I de Siracusa - um tirano do século 4 A.C em
Siracusa, Sicília. Ele dizia que, como um grande homem de poder e autoridade, Dionísio era verdadeiramente afortunado. Dionísio ofereceu-se para trocar de lugar com ele por um dia, para que ele também pudesse sentir o gosto de toda esta sorte. À noite, um banquete foi realizado, onde Dâmocles adorou ser servido como um rei. Somente ao fim da refeição olhou para cima e percebeu uma espada afiada suspensa por um único fio de rabo de cavalo, suspensa diretamente sobre sua cabeça. Imediatamente perdeu o interesse pela excelente comida e pelos belos rapazes e abdicou de seu posto, dizendo que não queria mais ser tão afortunado.
A espada de Dâmocles é uma alusão freqüentemente usada para remeter a este conto, representando a insegurança daqueles com grande poder (devido à possibilidade deste poder lhes ser tomado de repente) ou, mais genericamente, a qualquer sentimento de danação iminente.
Entalhes em madeira da espada de Dâmocles aparecem como símbolo em manuais europeus dos séculos XVI e XVII."

http://pt.wikipedia.org/wiki/Dâmocles

terça-feira, outubro 31, 2006

À meia-noite, à meia luz

Quando eu era criança, morria de vontade de passar um noite inteira acordada e ver o dia clarear.
Então, uma vez que eu fui para cama, decidi não dormir.
E fiquei o tempo todo pensando em coisas várias, esperando o tempo passar.
Até que meus olhos se acostumaram com a escuridão, e eu conseguia enxergar tudo de meu quarto. Meu irmão dormindo. Meu guarda-roupa.
O tempo foi passando, passando...
E de repente começou a clarear. Lembro-me disto nitidamente. A janela começou a ficar mais acesa, os passarinhos piavam como loucos. Era a luz do sol, amarelada, que entrava no meu quarto.
Enfim, dormi feliz.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria


Não resisti em colocar esta foto no meu blog. Eu piro nestas tatuagens de henna, acho lindíssimas.

Está no site da Folha, como destaque de fotos da semana.

"Em Bangalore, na Índia, menina ora durante as celebrações do Eid al Fitr, que marca o fim do Ramadã (mês sagrado para o islamismo)"

quarta-feira, outubro 25, 2006

Eu preciso dizer que te amo

Siiiiiiim, eu gosto de histórias de amor...
Gosto de contar a minha história de amor...

Eu estava em uma apresentação de final de ano de meus aluninhos queridos. Senti-me observada por alguém.
Quando ia saindo do salão, vi aquele menino, na última cadeira da última fileira.
Uau... Quem será ele?
Logo que deixei os alunos na sala, subi para lá de novo.
Fulminada por um raio de mil volts.
Era a última apresentação, lembram? Do último dia de aula.
Para vê-lo de novo, só no ano que vem.
Ai, ai, que saudades. Só o vi uma vez, mas...
Então chegaram as aulas. Eu estava cheia de novidades: tinha passado no vestibular, estava tão feliz. Também tinha saído do emprego, livre.
Três anos de diferença é bastante quando se tem 16 e 19 anos.
Mas não impedia as minhas febres nas faces, tal qual uma garota do século dezenove ao se ver diante do amado.
Gaguejava.

Mas alguns anos se passariam ainda. Que difícil espera.
Encontrei outros amores, vivi a minha vida. Mas o mundo dá voltas.
Algumas coisas não são para acontecer. Algumas histórias de amor, por mais lindas que sejam, simplesmente deslancham no meio do caminho.
Acontece.

E então eu me encontrei com um amigo. Ele precisava de novos voluntários na comunidade. Fiquei muito feliz de poder voltar.
Isso foi numa quinta feira. O compromisso ficou marcado para o outro sábado, porque as atividades somente aconteciam quinzenalmente.
No domingo me encontrei com ele, com o Márcio, do nada. Nos reencontramos, após tanto tempo que não nos víamos.
Nossa, aconteceu tanta coisa enquanto estivemos separados.
E ainda estávamos separados.
Um espaço de ar entre nós.

E, quem diria!, ele também era voluntário nesta mesma atividade que eu iria participar. Coincidência? Parece que a vida me empurrava para um abismo que eu queria evitar. Porque é muito difícil lidar com sentimentos tão intensos.

Então ele me beijou, em uma tarde, na frente da minha casa.
Sim, história de um outro século.
Mas aí ele não me escaparia mais. Acendeu o estopim. Não me deu outra oportunidade senão retribuir o beijo.

Então vieram as confusões, os desencontros, os mal-entendidos. As desculpas esfarrapadas.
E o espaço vazio continuava entre nós.

E esse espaço vazio tomou dimensões de silêncio.
Márcio, você está aí?
Não sabia onde ele estava. Estava num limiar de escolhas. De luta. Entre o adormecer e o despertar.

E então ele acordou.

De uma hora para outra.

E durante um ano a gente ficou pensando no que seria a nossa vida, se cada um seguia para qualquer lado ou se corríamos na direção um do outro.
Enfim, ficamos juntos.
Uma noite ele entrou na minha oca e não saiu mais.
Pintamos o corpo como índios. Celebramos a noite.
Atordoados.

Mas quem não se atordoa com tanto amor?

terça-feira, outubro 24, 2006

Um bom menino não faz pipi na cama

Dicionário de sonhos da Rosely:
Quando você tem um pesadelo, tudo o que sonhou que dava errado na verdade é um sinal de que dará tudo muito certo na vida real.
Tirei esta conclusão observando alguns fenômenos que me ocorreram.
Por exemplo: na noite que precedia o vestibular, sonhei que havia uma impressora que anunciava o nome dos "fracassados".
Ela imprimia sem parar: Rosely - NÃO PASSOU, NÃO PASSOU, NÃO PASSOU, NÃO PASSOU...
Em outras oportunidades vi isso ocorrer também.
Então quando você acordar e tiver um sonho deste tipo, felicite-se! É no mínimo uma boa maneira de conseguir recuperar rapidamente o bom humor...

(Este post eu primeiro coloquei como comentário no blog da Joana, mas achei legal e resolvi aproveitá-lo para cá...)

sexta-feira, outubro 20, 2006

E aí, que bicho você é?

Com este frio em plena primavera (!) só há que se falar dos dias felizes que se passaram. Porque deste não tem muito o que dizer. E já estou farta de tanto reclamar deste tempo infernal.

Um sábado desses, por exemplo, fui com o Silvio a uma feira de jardinagem e paisagismo. Foi lá no Centro de Exposições Imigrantes. Aliás, eu e o Silvio sempre fizemos uns passeios meio programa de índio a vida toda.
A feira estava linda, mas o mais legal foi uma inesperada surpresa.
Quando estávamos indo embora, contornando o galpão, vimos aberta a porta da exposição que estava ocorrendo ao lado: espiando lá para dentro, pudemos conferir uma arena de areia, com placas de premiação (1o. lugar ao 5o.), um cercado com várias cabras e cabritos e ao fundo muitos bois e vacas.
Ah, tinha também uma loja de chapéus e artigos de couro.
Eu devia estar com uma cara tão encantada que o guarda se aproximou e nos convidou a entrar.
O mais engraçado é que quando nós estávamos chegando ao centro de convenções, sentimos um cheiro de esterco e nem imaginávamos que havia tantos bichos por ali. Concluímos que era cheiro de adubo, hihihihihi.
No fim era cheiro de bosta mesmo.
Vejam só que cena meiga: as cabras estavam balindo, olhando para uma mesma direção. Algumas até estavam apoiadas na cerca, só com duas patinhas no chão.
"O que será que elas estão querendo?" - fiquei pensando.
Foi quando vimos que estava estacionado ali um caminhãozinho de transporte de cabras.
Que interessante! As cabras já sabiam que iriam entrar no caminhão, por isso estavam tão ansiosas!
Tinham reações parecidas com as dos cachorros quando vão passear.
Então o funcionário começou a pegá-las no colo, uma a uma, para colocá-las no caminhão. Elas ajudavam com as patinhas e se colocavam rapidamente em algum lugar lá para dentro.
Achei o máximo!
Principalmente porque sempre tive uma idéia de bicho de pasto muito alienado do mundo, sem estímulos nem vontades... Como se esses bichos não tivessem a mínima idéia do que estivesse acontecendo em volta. Este dia me provou que eu estava completamente errada. As cabras realmente gostam de andar de carro. Sentem algum tipo de satisfação. Reconhecem coisas que lhe são apresentadas a seu universo.
Ah, eu estou cada vez mais apaixonada pelo mundo animal. Sempre me surpreende.

Até quando tive um peixinho beta, desses que ficam parados o tempo todo, percebi que se pode interagir com um peixe. Eu chegava perto do aquário, ele saía por detrás das pedras e ficava na superfície, vendo o que poderia acontecer (muito provável que esperasse comida hehehehe). Eu com o dedo provocava uma correnteza, circulando a água. Ele nadava na direção contrária... ah, ele era um barato.

Mas impressionante mesmo foi o tamanho dos bois e das vacas. Nossa, impressionante.
Tinha um corredor só de vaca malhada. Que pena que eu estava sem máquina fotográfica! Foi muito bonito de ver, muito emocionante também.
Os ruminantes por ali estavam com uma carinha bem amistosa. Devem ser tratados a pão de ló...
Mas merecem, não é verdade?
Só de serem assim tão lindos todos os animais deveriam ser super bem tratados!

E viva os bichos mais uma vez!

terça-feira, outubro 17, 2006

MONANGAMBA

Naquela roca grande não tem chuva
é o suor do meu rosto que rega as plantações;

Naquela roca grande tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.

O café vai ser torrado
pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do contratado.

Negro da cor do contratado!

Perguntem as aves que cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:

Quem se levanta cedo? quem vai a tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipoia ou o cacho de dendém?

Quem capina e em paga recebe desdem
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinquenta angolares
"porrada se refilares"?

Quem?

Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer
- Quem?

Quem dá dinheiro para o patrão comprar
maquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?

Quem faz o branco prosperar,
ter barriga grande - ter dinheiro?
- Quem?

E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertãoresponderão:

- "Monangambééé..."

Ah! Deixem-me ao menos subir ás palmeiras
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído nas minhas bebedeiras

- "Monangambéé...'"

António Jacinto, poeta angolano.

Poema editado pela primeira vez em 1961, quando Angola ainda era uma colônia portuguesa.
A Independência ocorreu somente em 1975, após uma guerra de libertação.
Em seguida, o país entrou em guerra civil, que terminou apenas em 2002.
Muito sangue neste café...

Alguém aceita um expresso?

segunda-feira, outubro 16, 2006

Fiorentina, Fiorentina, Fiorentina de Jesus

Outro dia eu escrevi que o Norton é o pior vírus do computador.
Mas o Márcio hoje ganhou de mim: chegou à conclusão de que o Windows é o pior vírus do computador!!!

sexta-feira, outubro 13, 2006

Super Timor!!

O bom de blog é que a gente não precisa ficar preso a uma estética, a um conceito, a uma definição. A gente pode escrever como nos der na telha. Podemos um dia falar sério, no outro dia... ah, fala sério! que tudo bem...
Então, hoje eu presto homenagem ao Super Timor!!
Para quem não viu, não sabe o que está perdendo!
A Clarice me apresentou o Super Timor e desde então faço parte da comunidade Super Timor no orkut. É... tem até comunidade!!
Se você gostar, participe... ah, mas quem não vai gostar deste balanço?

http://www.hibou.qc.ca/supertimor/timor.html
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3205512

Letra completa!!!
SUPER TIMOR
Côte d`Ivoire - 1986

«(Bzzzzzzzzz)Ne tuez plus les moustiques avec
Des claques sur vos joues (aye),
Des claques sur vos cuisses (ouille ouille ouille),
Des claques sur vos bras (aye)…(Drrrrrrr)
Super Timor est la…
“Super Timor, est encore plus fort
Avec sa nouvelle formule (Super Timor)…
Le temps de sentir l´odeur Super Timor (pchhhhh, pchhhh),
Les insectes sont dejá morts (Super Timor)!”
Super Timor avec sa nouvelle formulle,
Timor 21Vraiment, vraiment plus fort !
(Super Timor, Super Timor)
Le numéro 1 !»

quarta-feira, outubro 11, 2006

Auuuuuuuuuuuuuu

Era uma vez um cachorro muito safado.
Tão safado que nem se dava conta da sua safadeza.
Porque naquele mundo dele, todo mimado e cheio de carinhos, não havia outra referência de vida, a não ser a de ser safado.
Um dia caiu um gatinho de cima do telhado, não sei como. Quase acontece uma desgraça. Cheguei da rua e logo vi que alguma coisa não estava bem. O Cachorrão estava estressado, com a língua de fora, não parava de andar. Quando vi, um gatinho, encurralado em cima da casinha do Cachorrão.
Ara, que sem vergonha! E por acaso um filhote fofinho é ameaça de alguém??
Mas não é a única safadeza de um cachorrão...
Ele já roubou sanduíche, pedaço de pizza, um pote de manteiga, quando ainda filhote comeu um sabão de coco.
Desta vez, todo mundo ficou preocupado, porque a diarréia não parava. Ele tinha tomado banho, só depois que me dei conta que o sabão tinha sumido.
Aí a gente percebeu o que tinha acontecido: ele tinha filado o sabão inteiro, quase novo.
Ah... safado, viu!!
Ele além de ser safado, é um cachorro entalado.
Isso mesmo... Toda vez que chove ele inventa de entrar em lugares que não cabe. Aí já viu... cachorro entalado.
E não gosta de tirar foto... a gente para tirar foto dele tem que disfarçar a câmera, porque senão ele só faz cara de coitado.

domingo, outubro 08, 2006

Linda garota de Berlim

Ontem eu estive passeando e refletindo acerca das belas palavras que nos rodeiam.
Passei por exemplo na estação Carandiru. Que linda palavra, Carandiru. Palavra que está amaldiçoada a ser feia. O que será que a bruxa que a enfeitiçou estipulou como quebra de feitiço? Enquanto isso, segue a linda palavra feia a esperar. Conto de fadas que espera a se realizar.
À noite comprei duas gérberas. Que linda palavra gérbera. Entrou na minha casa rosa e vermelha.
Tão linda quanto a palavra luz. Tão linda quanto à palavra terracota. Terracota é o nome da cor da luz do meu quarto.
Estou rodeada de palavras lindas. Elas me enfeitam o tempo todo. Me embevecem.
Um dia minha amiga Simone me falou que ela achava que eu ia andando na rua olhando por todos os lados e admirando tudo o que eu via. Simone tinha razão, tem ainda, Simone sempre terá razão sobre mim. Ela me conhece bem.
Que linda palavra Simone.
Que lindas palavras paineira, pitanga, romã, que doces palavras sargeta, caldo, deglutido. Cílios. Camarada. Língua. Certeza.
Eu fico toda confortável em meio a tantas palavras que me agradam.
Tão confortável que sinto sono.
Vou dormir as palavras. Sssssssssssssssssssss.
Apague a luz.
Terracota.

sábado, outubro 07, 2006

Lindos versos de amor

"O mais polêmico compositor do país chama de "atrasados" os brasileiros que sonham em ser americanos. Caetano Veloso solta o verbo na semana em que lança, pela primeira vez na vida, um disco que só traz músicas suas. Nada de outros compositores. A língua afiada de Caetano não poupa nem o próprio Caetano".

Eu não sou muito de assistir Fantástico. Mas passou um programa muito interessante de Regina Casé sobre Angola e Moçambique, e fiquei assistindo o Fantástico esperando a vez. Por um acaso eu acabei vendo uma entrevista com Caetano Veloso. Este é um cantor que admiro muito, gosto muito de suas composições, de sua voz. Com as opiniões e pessoa já não tenho tanta afinidade. Mas o que ele falou sobre os brasileiros que sonham em ser americanos (e também europeus, diga-se de passagem) eu achei ótimo. Porque acho isso mesmo, o Brasil tem tanto talento que nem se dá conta.
Detesto quando alguém ou alguma entidade trata o brasileiro como brega. Trata o baiano como tosco. Desdenha o artesanato caipira. Desdenha as coisas da própria terra.
Quando estive em Salvador, a trabalho, tive a oportunidade de conversar com um vendedor de colar. Ele me disse que só turista que comprava as suas criações, que baiano mesmo não queria saber.
No mesmo dia vi uma reportagem na televisão (acho que estava perto do dia dos namorados ou coisa assim) um monte de gente procurando colares de ouro e diamantes para comprar. Que tinha inclusive colares importados em promoção, por volta de R$300. Fiquei estupefata. Como valorizar tanto os degsiners de fora e desconsiderar um belíssimo colar de sementes coloridas? Colar cuja beleza inclui a criatividade do criador? Como justificar que um colar que custe R$ 30 as pessoas podem achar até caro e sem nem pestanejar estão gastando R$300 em prestação?
Não dá para entender.
Brasileiro é muito criativo, muito espontâneo, muito amigo, muito flexível. São qualidades de ouro. Se a indústria brasileira tem chance, põe o mundo no bolso.
Dá gosto de ver quando vejo uma loja chique vendendo fuchico. Biojóias se destacando. Notícias de artesanato brasileiro em exportação, de vento em popa. Bonecas de pano na moda.
Brasileiro tem que ser assim: brasileiro.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Vão cantando na rua

Amor e lágrimas

Ouve o mar que soluça na solidão
Ouve, amor, o mar que soluça
Na mais triste solidão
E ouve, amor, os ventos que voltam
Dos espaços que ninguém sabe
Sobre as ondas se debruçam
E soluçam de paixão
E ouve, amor, no fundo da noite
Como as árvores ao vento
Num lamento se debruçam
E soluçam para o chão

Vinícius de Moraes
http://www.viniciusdemoraes.com.br/

quarta-feira, outubro 04, 2006

E as pastorinhas, para consolo da lua


Outro dia estava comentando não sei o que com um amigo meu, dentro do elevador, com o Márcio ao lado, aí eu fui falar que eu tinha ficado com o cabelo em pé por algum motivo, me confundi e disse: "Fiquei com a orelha em pé!"

terça-feira, outubro 03, 2006

E a lua anda tonta com tanto esplendor

No último post eu falei de riqueza.
Hoje vou falar de miséria.
Não vou me estender na miséria humana, porque nós seres humanos somos muito miseráveis, em todos os lugares, em todos os povos, em todas as línguas. Sempre há alguém querendo dar uma de espertinho, querendo prejudicar o planeta, cheio de insensibilidade para com as pessoas e com o mundo. Vive-se uma vida cada um por si.
Quero falar, sim, sobre miséria. Porque ela existe, está muito próxima de nós. Está espalhada por tudo quanto é canto. E não é relativa: ou se é miserável, ou não é.
Miséria é quando a pessoa acorda sem saber se vai sobreviver aquele dia. Está completamente desamparada pela sociedade. Passa fome constantemente. Pode perder até noção da própria lucidez. Pode sentir dores, doenças, morrer de causas ínfimas. Sujeita-se a condições indignas. Não tem nenhuma chance de se estruturar de alguma maneira, porque tudo lhe é difícil, inacessível. Miséria é muito diferente de pobreza. Na miséria as possibilidades são mais reduzidas.
Acho engraçado o termo vagabundo de rua. Quem o utiliza só pode estar ignorando por completo a situação que envolve os desabrigados, principalmente os alcoólicos.
Há quem se ache superior a estas pessoas, e nem cogitam: se estivessem na situação deles agiriam de maneira?
Fácil fingir que no mundo não há dores, não há problemas. E se podemos fazer alguma coisa?
Sim.
Fácil.
Outro dia eu tive notícias do Antônio.
Ele é mendigo há anos na rua da mãe do Márcio.
Sempre se ofereceu comida, alguma roupa, uma conversa. Sempre se conheceu a sua estória.
Bêbado na maioria das vezes, lúcido um pouco do tempo, tinha vindo do interior, onde tinha deixado família. Não queria voltar para casa.
Outro dia, as notícias foram muito boas. Antônio estava "limpo". Já contava os dias sem embriaguez.
A igreja ali perto arrecada materiais recicláveis. Eu sempre separo os recicláveis do lixo e levo lá. Um pouco de tudo: papel, plástico, vidro. Embalagens na maioria das vezes. Em uma semana a gente junta tanta coisa que se não dá tempo de levar para a igreja faz uma bagunça. Mas tudo bem. São coisas da vida. O importante é que a gente continua cooperando.
Esta igreja conta com trabalhadores de bem. São ex-moradores de rua. Pessoas que antes tinham esquecido o que era ser tratado com respeito. Um senhor me disse que ficou emocionado na primeira vez que foi tratado por senhor. Que se sentiu gente de novo.
Pois é. Antônio chegou a esta igreja. Eles o enviaram a uma clínica de recuperação. Hoje trabalha no projeto. Tem uma vida, tem dignidade. Encara o vício como doença, o que realmente é.
Sei que infelizmente esses trabalhadores que carregam carroças o dia todo e fazem um grande bem à sociedade (porque fazem um serviço muito importante para o meio-ambiente e limpam as ruas) sofrem um tremendo preconceito. Infelizmente. Mas fazer o quê? O ser humano é miserável. Nem sempre tem competência para avaliar o certo e o errado.
Enfim, fiquei muito satisfeita por este meu trabalho de reciclagem aqui em casa. Senti até orgulho de minha família que me ajuda nesta tarefa. Senti-me feliz por saber dos resultados.
A gente não consegue consertar o mundo. Não dá. Muita coisa não tem nem conserto, infelizmente. Mas isso não quer dizer que a gente não precise fazer absolutamente nada. No mínimo, podemos manter a nossa cabeça aberta e não desrespeitar aquele que sofre.

sábado, setembro 30, 2006

A estrela d´alva no céu desponta

Riqueza é outro fator relativo do mundo.
Existe aquela riqueza que não existe. Aquela que não está no mundo real. Está no coração. Rico é aquele que tem amigos. Que tem a quem estimar e que o estime. Que tem sonhos.
Existe outra riqueza fora de proporções. A dos multimilionários. Riqueza que também não existe, porque são números que nunca se tornam realidade. São manipulação de idéias que constroem ou destroem coisas do mundo.
Por isso se vê que riqueza não é um conceito maléfico em si. Existem por exemplo multimilionários maléficos ao mundo. Acionistas que ficam satisfeitos com demissões em massa. Que investem em armamento. Que investem em força bélica. Que devastam florestas. Que até usam o progresso como desculpa de destruição do mundo, mas que no fim não passam de uns ratos imperialistas.
Desde os romanos e até bem antes deles persiste este tipo de delírio nos homens: o do imperialismo. O poder desmedido é uma alucinação.
Mas isso já é uma outra história.
Riqueza, veja só, é apenas uma combinação de estar satisfeito com o que se tem com o ambiente em que se vive.
Eu tenho 34 anos. Em comparação a uma outra mulher de minha idade com maior poder aquisitivo em moeda mais forte, eu sou pobre. Se vem uma mulher da Europa para cá com 100 mil euros no bolso, ela chega com 300 mil reais. Pode comprar uma casinha, montar um negócio. Tem muitas possibilidades. Lá no seu país ela não tem tantas perspectivas assim, tem até muito menos que muita gente.
Mas se eu me comparar com uma mulher da África, eu em relação a ela sou rica: ela com 35 anos já tem ao menos 7 filhos e tem como expectativa de vida mais uns 10 anos somente. Eu com 35 tô começando.
Para ficar feliz ou triste com relação ao que a gente tem, dá para arranjar jeito de ser um afortunado ou um desgraçado. É só observar o que existe pelos 4 cantos do mundo e escolher.
A gente é o que a gente come, não tenha dúvidas. E "não só de pão o homem viverá".

Comida
Titãs

Bebida é água
Comida é pasto
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida
A gente comida, diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída para qualquer parte (hum)
A gente não quer só comida
A gente quer bebida, diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida como a vida quer (comer é bom)
Bebida é águaComida é pasto
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comer
A gente quer comer e quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer pra aliviar a dor
A gente não quer só dinheiro
A gente quer dinheiro e felicidade
A gente não quer só dinheiro
A gente quer inteiro e não pela metade
Bebida é água
Comida é pasto
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida
A gente comida, diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida
A gente quer bebida, diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida como a vida quer
A gente não quer só comer
A gente quer comer e quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer pra aliviar a dor
A gente não quer só dinheiro
A gente quer dinheiro e felicidade
A gente não quer só dinheiro
A gente quer inteiro e não pela metade
Desejo,Necessidade e vontade
Necessidade e desejo
Necessidade e vontade
Necessidade e desejo
Necessidade e vontade
Necessidade e desejo
Necessidade.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Pinga nimim

O NORTON É O PRÓPRIO VÍRUS!!!!!

Eu já tinha tido problemas com o Norton Antivírus no passado, como por exemplo ele travava o meu micro, dava erro, fechava janelas que eu tinha aberto, impedia o acesso a algumas páginas na internet... um problemão.
Nesta semana eu estava tentando acessar internet e não conseguia. Simplesmente não funcionava.
Até que descobri que era o Norton que tinha ressurgido e impedido uma "invasão" da minha própria tentativa de acesso.

terça-feira, setembro 26, 2006

Vou ficar com certeza maluco beleza!

As grandes decisões que a gente tem que tomar na vida por vezes são decisões simples.
Dizer não.
Priorizar a si mesmo. Priorizar a família (cuidar da família, mas também cuidar de si).
Fazer isso e não aquilo.
Parar de se preocupar tanto.
Fazer ginástica.
Treinar.
Respirar.
Sorrir.
Sorrir muito durante o dia, decidir não se deixar levar pelo que pensa o mundo ou como pensa o mundo.
Dizer o que é certo ou calar o que é certo.
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Acho que a gente tem que fazer um exercício constante de mudar. Não deixar no piloto automático a maneira de decidir a vida. Optar por uma atitude nova é uma maneira de a gente ir se desfazendo do que nos pesa no peito.
Ser responsável tem várias maneiras de o ser. Ser atuante tem várias maneiras de o ser. Não existe uma via única nesta estrada. A gente pode reagir com um grito, com um suspiro.
Força e coragem. Tem uma pessoa que me falou isso há uns dois meses: que a gente precisa força e coragem para tomar novas atitudes.
Vou me decidir a isto, hoje.
Por hoje, não vou ficar pensando nas coisas que não deu tempo de fazer.
Vou agradecer a mim mesma o dia que se apresentou para mim, vou agradecer a mim mesma tudo o que eu fiz.
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Muito auto-ajuda?? Sei lá... tô tentando ser uma pessoa diferente. Fico pensando que o que vale na minha cultura não é regra para outras culturas. Não é regra para a cultura da casa ao lado. No meu país, quero que se vivam mais as coisas boas, que se valorize o lado bom da minha cultura e que o lado ruim se modifique. Quero a casa mais colorida, com as minhas cores. Com as nuances que eu gosto. Trabalho constante: ter identidade é ser um ser em transformação. Ser é processual. Não há ponto final. Se eu fico todo dia fazendo a mesma coisa da mesma maneira, então não estou sendo nada.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Ask me, ask me, ask me

Ontem eu falei de um marco musical nacional para mim, na época de escola. Hoje falo dos The Smiths, cujo disco vinil eu tocava o dia todo. The World Won't Listen foi um disco que ganhei de amigo secreto, da Amanda, e logo virou o meu favorito. Eu o tenho até hoje, falando nisso.
Sempre achei o som deste grupo muito original. O problema de ser tão original e tão caracterizado é que se não se estiver prestando muito atenção, podemos confundir uma música com outra, de tão parecidas, hihihihihi.
Olha só o que encontrei na Wikipédia, achei interessante:
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"The Smiths é o nome de uma banda inglesa, surgida na cidade de Manchester e bastante popular na década de 1980. (...) O nome é uma curiosidade: Smith é o sobrenome mais popular na Inglaterra (equivale ao Silva, em português). O objetivo era mostrar que a banda era formada de pessoas comuns."

domingo, setembro 24, 2006

Ideologia... eu quero uma pra viver...

Nesta semana recebi um convite para um encontro de ex-alunos do colegial. Inevitável foi ficar pensando na trilha sonora desta fase da minha vida. Inevitável foi lembrar o quanto eu gostava e o quanto gosto ainda de Cazuza.
Acompanhei todas as facetas deste cantor: quando lançou o clipe de Bete Balanço, quando foi seguir carreira solo, quando assumiu ter Aids, quando esteve em um show todo vestido de branco, magrinho e de lenço na cabeça. Eu tinha uma fita cassete azul, não sei nem onde foi parar (risos).
Um dia ainda vou pegar as letras de suas músicas e escrever um texto sobre sua poética. Admiro muito suas palavras.
O site www.cazuza.com.br não só oferece muitas informações sobre sua vida e sua obra, como também detalha o projeto VivaCazuza, que sem dúvida merece admiração de qualquer pessoa.
É bom saber que tudo o que ele passou não foi em vão. Suas músicas perduram, sua vida também.
Para quem não assistiu o filme, até recomendo. Duas horas é pouco para tanto a ser falado, mas algumas cenas são muito boas. Bom, sou suspeita para falar, adorei a trilha sonora...

quinta-feira, setembro 21, 2006

Tudo muda o tempo todo no mundo...

Se tem algo que eu tenho certeza nesta vida é de que o mundo dá muitas voltas.
A gente só se surpreende o tempo todo como as situações mudam, os papéis se invertem, as pessoas mudam de opinião.
Ainda bem.
Porque senão as pessoas que estão por aí querendo dar uma de boazudas nunca seriam desmascaradas. Porque senão quem foi injustiçado nunca poderia um dia lavar a má fama. Porque senão a gente nem precisaria ter esperança de nada. Mas o tempo é o melhor juiz. É o melhor remédio. É o melhor reconciliador.
Enquanto a gente vai fazendo a nossa parte, o mundo vai dando voltas. O importante é não ficar parado. Tem que deixar para lá as coisas que nos perturbam e seguir adiante, procurando sempre fazer o melhor que pudermos. O que não depende da gente tem um desenvolvimento por si só. Não podemos controlar tudo. Mas não poder controlar tudo não significa que tudo está fora de controle.
Nem toda força feroz da natureza é para o mal. Os trovões fertilizam a terra.
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Mas não é impressionante como tem gente cara de pau que não tem nem vergonha das próprias trapaças??
Eu fico impressionada.
Por isso a gente não pode ficar desatento. Sem ser neurótico, temos que ter uma auto-preservação, porque nunca se sabe o que pode surgir na nossa vida. Temos que tomar atitudes de proteção. Despertar espírito crítico para não nos deixarmos levar por conversa mole. O que o estelionatário faz antes de dar o golpe é ganhar a confiança, virar o melhor amigo. Vestir a pele de cordeiro e se mostrar o ser mais dócil e mais digno.
Questionar não faz mal, não. Formalizar também não.
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Ainda bem mesmo que o mundo dá voltas.
O mundo escapa ao nosso ritmo ocidental, que quer resolver tudo na hora, que diz que tempo é dinheiro. Tempo é tempo e tem seu próprio ritmo. Não se mede nem tem preço, não. O que tem preço é o tempo da indústria, que coloca ponto na porta de entrada para a gente bater. A vida não funciona em horário comercial. E nem sangue é tempo. Não podemos também nos deixar levar por este papo furado do mundo empresarial que diz que o comprometimento com o trabalho deve ser até à alma. Realização profissional é importante, mas não é tudo. Treinamento em motivação é muitas vezes lavagem cerebral para facilitar a exploração. No fim das contas as rugas ficam marcadas no nosso rosto, em ninguém mais.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Caranguejo não é peixe...

São Vicente é uma cidade muito boa de se passear. Outro dia percorri a praia, no final da tarde, passei por trás dos prédios e beirando o mar, verifiquei que está tudo muito bem cuidado. Nada como ir dormir ouvindo as ondas do mar.
Acho que esta experiência de estar morando meio cá meio lá está me conscientizando da necessidade que temos de nos desintoxicar da vida do dia a dia.
Seja através de um exercício, um passeio diferente, um momento de meditação, uma conversa descontraída com um familiar, tudo vale para a gente "desinchar" o cérebro de tanta informação que absorvemos durante o dia.
Não basta observarmos a nossa alimentação, é preciso cuidar da mente.

Mens sana in corpore sano

segunda-feira, setembro 11, 2006

Outro dia eu estava ouvindo umas músicas infantis, repeti alguns versos para a minha mãe:

"Qual o doce mais doce que o doce de batata doce??"

Qual a minha surpresa quando ela respondeu:

"Não sei..."

quarta-feira, setembro 06, 2006

Ice, ice, baby.

Viver no frio. Para mim é um grande desafio, mesmo que somente por algumas semanas.
Ontem foi um dia muito triste. Quando o ponteiro da temperatura vai abaixo de 16 graus, já não estou contente. Quando beira o zero grau então, cruz credo.
Então muita coisa fica suspensa. Não saio, não faço muito, não penso muito, não me sinto estimulada para nada. Apenas espero o tempo passar e o frio passar e chegar a primavera. Sinto já os primeiros raios de sol que estão ansiosos para me cumprimentar de uma manhã que vai chegar.
Sob uma camada grossa de gelo, vejo o mundo e não me admira a distorção.
Tudo está parado, congelado.
Nada de grandes decisões, nada de cair de cabeça.
Vou esperar o mundo girar e trazer de volta para meu colo o sol.

quinta-feira, agosto 24, 2006

EU VOLTEI.......

O Portão( Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
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Eu cheguei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo
Minhas malas coloquei no chão
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Eu voltei.
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Tudo estava igual como era antes
Quase nada se modificou
Acho que só eu mesmo mudei.
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E voltei.
Eu voltei agora pra ficar
Porque aqui, aqui é meu lugar
Eu voltei pras coisas que eu deixei
Eu voltei.
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Fui abrindo a porta devagar
Mas deixei a luz entrar primeiro
Todo o meu passado iluminei
E entrei
Meu retrato ainda na parede
Meio amarelado pelo tempo
Como a perguntar por onde andei
E eu falei.
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Onde andei não deu para ficar
Porque aqui, aqui é meu lugar
Eu voltei pras coisas que eu deixei
Eu voltei.
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Sem saber depois de tanto tempo
Se havia alguém a minha espera
Passos indecisos caminhei
E parei
Quando vi que dois braços abertos
Me abraçaram como antigamente
Tanto quis dizer e não falei
E chorei.
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Eu voltei agora pra ficar
Porque aqui, aqui é meu lugar
Eu voltei pras coisas que eu deixei
Eu voltei.

quinta-feira, junho 22, 2006

terça-feira, junho 06, 2006

Quero um machado para quebrar o gelo

Ufa! Férias!
Indenização de tudo o que a gente sofre durante o ano, durante a vida.
Férias não é férias se a gente não tira um mês inteiro de folga, não é mesmo?
Sabe quanto tempo eu não tiro um mês inteiro de folga?
Bom, isso não deve ser novidade para ninguém, quem consegue isso hoje em dia??
Enfim, eu consegui. Vou aproveitar muito, quem sabe quando vou ter uma oportunidade dessa novamente, não é mesmo?
Mas ainda não encerrei os posts.
Continue acessando...

segunda-feira, junho 05, 2006

Terra, és o mais bonito dos planetas

Queridos leitores,
O post de hoje é uma carta que dirijo a uma amiga muito especial. É uma garota muito esperta que conheci através de seu blog. Ela apresenta um diário com suas aventuras do dia a dia, seus passeios, suas compras, suas impressões da escola, suas atividades... e nos conta com muita sinceridade sobre seus medos, suas dúvidas... fala com carinho de seus amigos, preocupando-se com eles... são pensamentos maduros e sensíveis.
Não é preciso nem dizer que adorei encontrar esta pessoa linda por dentro e por fora.
Por isso esta carta... quero dividir com ela e com vocês um pouco de minha estória, e mostrar como que todas as vidas do universo estão de alguma forma relacionadas.

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Querida Cris,
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O motivo que eu quis lhe mostrar o meu texto foi que com a ajuda de suas palavras eu pude me lembrar de muitas coisas que aconteceram comigo, motivo que me levou a procurar em cadernos antigos alguns diários que descrevem como eu me sentia antes. Por isso eu quero lhe agradecer, para mim foi muito bom este processo. Acho que com o outro a gente aprende muito de nós mesmos.
Eu não tinha tanta certeza do que iria acontecer comigo. É engraçado, para mim, ler estes diários e encontrar ‘pistas’ que no fim diziam a verdade de meu futuro. Em algum lugar do meu inconsciente eu simplesmente sabia o que iria acontecer.
Mas o fato é que eu me sentia muito angustiada, muito sozinha nas minhas decisões, e muitas vezes até muito triste por não saber o que eu queria da vida. Na verdade eu sentia até muita vergonha...
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Assim que terminei a escola, não consegui ingresso na faculdade, e fiquei um ano estudando e trabalhando.
Na época de eu tentar entrar em uma faculdade, no ano seguinte, tentei umas 8. Em cada uma eu prestei uma coisa diferente, por não saber o que fazer. Prestei psicologia, direito, jornalismo, cinema, comunicação, relações internacionais. Pensei em prestar nutrição também, mas acabei desistindo. Só prestei letras na usp, a única universidade pública de São Paulo e a única gratuita, ou seja, com enoooooorme concorrência. Escolhi o curso de letras não por causa da literatura, mas por causa de ter conseguido entrar na melhor universidade do Brasil. Entrei no curso de francês, que cursei até o último ano. No último ano desisti e mudei o curso para português. Desistir de um curso da faculdade é muito menos angustiante do que se pensa. Quando vi que estava fazendo algo errado e mudei de curso, foi um grande alívio para mim, uma grande alegria. Foi a melhor coisa que fiz: cheguei ao curso certo com maior maturidade e até aproveitei melhor do que aqueles que tinham acabado de entrar.
Sem dúvida tive uma grande ajuda da sorte. Acabei no lugar certo. E nem tudo dependeu de mim. Nem tudo depende só da gente...

É muita pressão para a gente ter que escolher o que vamos fazer durante a nossa vida inteira, principalmente do lado de fora. Só dentro da universidade é que pude encontrar os meus verdadeiros gostos, os meus verdadeiros talentos. Tem gente que já sabe desde criança o que quer fazer. Sorte para eles. Mas cada um tem uma estória diferente, e só nós é que podemos desvendar os caminhos de nosso destino. Certamente este processo doido que fez parte do meu caminho contribuiu para eu ser a pessoa que sou hoje.
E tem cada estória louca por aí... gente que faz um determinado curso da faculdade só para agradar aos pais e só depois que vai fazer o que gosta de verdade, gente que não faz faculdade nenhuma e mesmo assim vai trabalhar no que gosta, gente que tinha certeza de que seria médico ou engenheiro, chegou na faculdade, viu que não era nada daquilo e foi fazer filosofia... não existe um caminho certo e sem saída.

Hoje, eu sei o que quero da vida. É algo muito bom que conquistei para mim. Mas esta certeza só me chegou com 30 anos. Isso não me tornou menos inteligente, menos bonita, com menos valor. E não me impediu também de eu ter uma estória profissional feliz (conturbada, mas feliz).

Agora tenho outros questionamentos, outros desafios. Eles nunca param (ainda bem).
O que a gente aprende a controlar melhor é a ansiedade, o medo... não que desapareçam, porque tudo faz parte da vida... mas não precisamos nos martirizar tanto... o mundo dá muitas voltas...
Por isso precisamos e muito valorizar os bons momentos que temos, as boas amizades, as boas oportunidades...
Isso é o que conta no final das contas.

Cris, acho que você é uma pessoa muito especial. Acho não, tenho certeza. Certeza porque tudo o que faço da minha vida é ler textos, interpretar textos, identificar os conteúdos das palavras.
E não foi por acaso que me detive no seu blog. Porque ele, através de depoimentos simples e do cotidiano, revela a pessoa extraordinária que você é. É preciso muita coragem para se expor, expor os medos, os erros, as dúvidas... e isso você faz com maestria!
Não sei se você vai ser nutricionista, professora de ioga, escritora, carpinteira, cantora, o que seja. Mas tenho certeza de que será uma excelente profissional, seja lá o que escolher. Isso já está escrito no seu destino porque está escrito na pessoa que você é.
Continue fazendo a sua parte. E tenha fé em si mesma, tenha fé no seu destino. A vida reserva muitas surpresas para todos nós, o tempo todo.

Um beijão bem grandão...
Rosely