quarta-feira, junho 27, 2007

Onde queres prazer sou o que dói, e onde queres tortura, mansidão

Texto fictício:

"Meu nome é Margarida e sou alcoólica. Estou livre de crises há quase 10 anos. Acho que tenho dentro de mim um leão que sossegou. Sempre penso que, se eu não tivesse parado de beber, minha vida seria completamente diferente. Imaginem só, como o meu organismo estaria, 10 anos depois. Eu provavelmente estaria mais doente. Talvez tivesse me machucado mais do me machuquei algumas vezes, talvez tivesse ido ao hospital muitas e muitas outras vezes. Talvez tivesse acontecido o pior. E um monte de coisas boas que estão acontecendo na minha vida talvez não tivessem se realizado. Talvez eu não tivesse terminado a faculdade. Bem provável. Mas não deixo de pensar naquela que eu poderia ter sido. Porque se eu não me cuidar, aquela que eu poderia ter sido pode voltar, ela está logo aqui do meu lado. Portanto, para cada pensamento destrutivo que eu tenho, engajo dez ações construtivas. Por exemplo, compro um bichinho de pelúcia e o abraço com muito amor. Quando eu era criança, não dava a mínima para os ursinhos de pelúcia, achava-os sem graça, até ridículos. Hoje eu os venero. Para mim, foi tão bom ter encontrado a bebida. Eu era tímida, não sabia como falar com as pessoas, não sabia viver, estava tão desabilitada, tão inadaptada. A bebida me permitiu ter amigos, até namorados, me permitiu ter coragem e um monte de coisas que eu não sabia que eu tinha. Entreguei-me de corpo e alma para o amor ao sabor ardido que me embriagava. Mas o pacto é à custa de um preço muito alto. Eu chorei muito por muitas coisas que aconteceram comigo, porque eu não estava lúcida. Às vezes choro, ainda, porque me sinto triste com algumas coisas que aconteceram na minha vida. Alguns benefícios de um lado, do outro a falta de lucidez me roubou muito de mim. Mais do que poderia, mais do que eu aguentava. Tão difícil parar de beber. Tão difícil sobreviver. Mas eu sei que posso. Tanto quanto eu posso rir alcoolizada, posso muito mais sem estar. Porque minha alegria está bem aqui dentro de mim. Sofrer uma adicção é como nascer como uma espécie de maldição. Um tipo de feitiçaria mesmo. E o antídoto é a mente sã. Para cada pensamento auto-destrutivo, dez ações construtivas. E assim vou vivendo. Um dia de cada vez".

sábado, junho 23, 2007

A melhor banda de todos os tempos da última semana

Os melhores posts de todos os tempos (pelo menos deste blog!).


Nos dias que eu não tenho tempo de escrever novos posts, recomendo alguns textos que escrevi faz tempo e que considero muito legais! Para facilitar, vou selecionando os posts mais legaizinhos. Ficarei muito feliz com a visita de vocês, meus queridos leitores.



Março 2006
Como música faz falta em nossa vida
Uh, uh, uh, que beleza!!!!
Carta dum contratado
O sonho é meu e eu sonho que deve ter alamedas verdes
Eu sei que a vida pode ser bem melhor e será
Dom dom dim, dim dim dom, uo uôôô

sexta-feira, junho 22, 2007

quinta-feira, junho 21, 2007

Quando os homens se entenderem

Esses dias estive pensando muito sobre a palavra SUBLIMAÇÃO.
Quantos de nós já se sentiu assim além do que consegue pensar e sentir?
É uma sensação tão boa.
Hoje em dia a gente vê verdadeiros códigos de condutas em campanhas institucionais ou particulares, coisas tão simples que nem seria preciso falar, mas que é necessário convenver. Por exemplo: conduta ecológica no dia-a-dia, conduta cívica, conduta solidária, conduta ética. Nada disso teria que ser dito, mas vivido naturalmente. Mas o princípio primitivo atua mais fortemente no homem. Até mesmo viver sem fazer o mal, mas sem se importar com ninguém além de si mesmo, já é lamentável. A gente não lamenta quando alguém abre o vidro da janela do ônibus ou do carro e joga fora algum lixo, muitas vezes reciclável, como garrafa ou latinha? E nada de pensar que essas atitudes são fruto da pobreza, porque não é difícil ver um carrão (mais caro que um preço de uma boa casa) fazer isso.
O que seria papel da arte, da cultura, da religião, da educação, da família, mostrar uma possibilidade sublimada de vida, parece não atingir o seu objetivo nem de longe.

Mas ainda bem que existe a sublimação. Dá uma esperança a mais, uma alegria a mais, um sentido a mais, um sonho a mais, uma certeza a mais, um caminho a mais, mostra-nos que é possível saber o que é felicidade, apesar.

terça-feira, junho 19, 2007

Um belo dia resolvi mudar


Ah... nada como tomar uma xícara de café bem gostoso depois de um dia de trabalho.
Se estiver passando o filme "O pagador de promessas" na televisão, melhor ainda! Ô, filminho bom pra caramba!!!!

domingo, junho 17, 2007

C'est fini la poesia, mas a guerra todo dia, dia a dia, não


Vocês se lembram daquela época, quando chegava uma hora da noite, a televisão simplesmente saía do ar?

Às vezes ficava só o chiado, às vezes apareciam listras coloridas, às vezes ficava tocando uma música...

Como imaginar uma coisa dessas nos dias de hoje?
Imagine ficar com insônia sozinho na escuridão...

quinta-feira, junho 14, 2007

Vem Kafka comigo, la cucaracha


Mais um causo dos meus tempos de graduação.


Estávamos, eu e Simone, na faculdade de Letras, à noite (toda estória de terror que se preze tem que ser à noite, e se for na usp, pior ainda!), ao final de uma aula. Os corredores já estavam vazios.

Entramos no banheiro. Enquanto Simone foi à casinha, eu fiquei me arrumando no espelho, e conversávamos descontraidamente. De repente, entrou uma barata enooooooorme e voadora!! Eu queria gritar "uma barata!", mas só o que conseguia fazer era abrir a boca e proferir:

AHHHHHHHH!!!!!!!!!!

Pior é que a barata ficou voando em círculos, e eu não conseguia nem chegar à porta para sair. Estava encurralada. Passado algum tempinho, Simone saiu da casinha e juntas iniciamos o coro:

AHHHHHHHH!!!!!!!!!!

A barata não parava de voar!

"Vou tentar jogar o meu sapato!" "Cuidado!" "Vixe, Maria!" "A faculdade está vazia, ninguém vai nos escutar!" "Vamos esperar um pouco para ver se ela pára de voar!"

Assim que dissemos esta última frase, saiu uma outra garota de uma das casinhas, com um tamanco na mão e matou a barata: "POW!!". Não sei o que mais me assustou: se a barata em si, a menina que saiu de surpresa (imaginava que não tinha mais ninguém por ali), se a barata sendo estatelada por um tamanco.

Após a resolução, descobrimos como cada uma tinha passado pela situação:

Eu, que naquela altura ainda tinha fobia de barata, não conseguia pronunciar palavra. Apesar de ver a realidade, não conseguia reagir a ela;

A Simone, que, ouvindo os gritos e não sabendo o que estava acontecendo, imaginou que tinha entrado um tarado no banheiro e estava pronta para sair da casinha e esbofetar alguém;

A outra garota, que desde o início imaginou que tinha entrado uma cobra no banheiro, e só se convenceu de que não era quando ela ouviu a gente dizer que o "objeto misterioso" estava voando. Aí ela se tranquilizou porque não tinha medo de baratas.

Ou seja, fobia é foda, mesmo! (risos) Cada um, no seu momento de medo, pensa nas possibilidades mais assustadoras.

quarta-feira, junho 13, 2007

Eu estava à toa na vida


Isso já faz tempo, eu estava na graduação.
Fui convidada para algum evento com meus amigos. Não sei se festa ou o quê.
Mas não consegui carona, então tive que sair a .

Chegando ao muro do cemitério (o ponto de ônibus fica do outro lado), estava decidida a não contorná-lo, mas sim dar a volta por uma rua adiante porque é mais seguro e mais iluminado.
Mas percebi que uma garota entrou na rua do cemitério antes de mim. Resolvi acompanhá-la, apesar do receio (cemitério, à noite, não é por nada, mas alma penada é fichinha perto dos mal-encarados que a gente pode encontrar no meio do caminho).
A menina logo à frente, eu há uns poucos passos, prestando atenção a tudo. Aparentemente, a rua estava deserta.

De repente, escuto passos atrás de mim!

Friozinho no estômago!

Andei um pouco mais depressa.
Logo a menina da frente começou a andar no mesmo ritmo que eu.
Mas os passos atrás de mim começavam a se aproximar!
Resolvi andar um pouco mais depressa.
A menina da frente também.
Logo eu já estava correndo, esbaforida! A menina da frente, de salto e tudo, mesma coisa!

Ai, que medo!!!!
Quando a menina da frente chegou na avenida, movimentada e cheia de gente, parou e olhou para trás.
Olhamo-nos.
Quando cheguei onde ela estava, olhei para trás.

E vi uma outra garota com a mesma expressão apavorada que a gente.
Não, não era nenhum tarado atrás de nós! Ainda bem!
Eu me assustei com a menina que vinha atrás de mim, a da frente se assustou comigo, e a de trás, vendo a gente correndo, imaginou que estava acontecendo alguma coisa e saiu em disparada.

sexta-feira, junho 08, 2007

Pode vir quente que eu estou fervendo


Não é de hoje que a gente vê tanto na televisão quanto em outras mídias propagandas de mau gosto.

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Pior é quando as propagandas chegam a ofender as pessoas.
Com desculpa esfarrada de que não têm a intensão de ofender, apenas de divertir humoradamente, as empresas tiram barato das pessoas, até mesmo de entidades, e ainda ganham ibope, aumentando o lucro. De maneira nada ética. Lembremos que até mesmo piadas racistas não têm em princípio o objetivo de ofender, mas nem por isso o deixam de ser repulsivas.

Se por um lado há liberdade de expressão, e não vale proibir o que será divulgado, também não se pode perder o bom senso e o respeito.

Por causa disso, eu vim hoje divulgar o Conar.

Não é um órgão de censura, mas que avalia as condições das propagandas publicitárias, verificando, através de denúncias inclusive de consumidores, se não está havendo falsidade ideológica, abuso, ofensa, enganação. E o Conar, constando que uma propaganda é imprópria, pode suspendê-la (por exemplo, recentemente, a Peugeot foi desvinculada da televisão por mostrar uma atitude imprópria contra a "sogra").

"O CONSUMIDOR GANHA ALGUMA COISA QUEIXANDO-SE NO CONAR?
Sim. No exercício de sua cidadania o consumidor, denunciando o anúncio que eventualmente o tenha prejudicado ou ofendido, impedirá que outros consumidores venham a sofrer os mesmos impactos negativos e contribuirá para o aprimoramento da propaganda brasileira, de forma a impedir que anúncios de má-fé, enganosos ou abusivos venham a prosperar impunemente". (
http://www.conar.org.br/)


Participe! Denuncie! Divulgue!
Por uma sociedade mais livre. Mais ética. Mais feliz.
http://www.conar.org.br/
http://www.conar.org.br/
http://www.conar.org.br/
http://www.conar.org.br/
http://www.conar.org.br/
http://www.conar.org.br/
http://www.conar.org.br/
http://www.conar.org.br/
http://www.conar.org.br/
http://www.conar.org.br/
http://www.conar.org.br/

quarta-feira, junho 06, 2007

Ora, vejam só!

Não é de hoje que reclamo do frio. Nos últimos invernos, a barra tem sido pesada para mim. O que sempre estranhei, porque não me lembro de ser assim tão difícil quando estava na escola ou mesmo no curso de minha primeira graduação.

Ontem descobri que sou mais uma vítima da "depressão sazonal".
E, ao contrário do que muita gente pensa, essa depressão (ou seja, falta de vontade de fazer as coisas, mais tristeza, alteração de humor e apetite, necessidade de dormir mais, pouca resistência ao frio, entre outros sintomas) não é ocasionada pelas baixas temperaturas.
Estive pesquisando na internet e descobri que principalmente mulheres entre 20 e 30 anos, até os 40 mais ou menos, podem diminuir a produção de alguns hormônios por causa dos dias mais curtos e menos exposição à luz.

Como uma plantinha que murcha nas sombras.

E o tratamento inicial é feito justamente com fototerapia. Aumentar a luz do quarto e da casa, ficar ao sol sempre que possível, enfim, fico feliz só de pensar nos benefícios que estão bem aí pertinho de mim.
Para quem a situação fica mais difícil, tem até tratamento medicamentoso. O que acho que não será o meu caso! Mas é sempre bom ficar de olho, né!

terça-feira, junho 05, 2007

Ainda lembro daquele beijo

O cachorrão estava todo enrolado, por causa do frio. O focinho no fiofó.
Passei por perto e, sem querer, deixei cair o talco em cima dele. Mas não foi só em cima dele: o talco caiu de cabeça para baixo, com a tampa aberta, e acertou em cheio. O cachorrão levantou a cabeça, com pontos de interrogação na cara.
__ Ai, desculpa, cachorrão!
Quando vi, não deu para não dar risada!
O fiofó todo branco de talco!!
Ficou cheirosinho, né, cachorrão?

domingo, junho 03, 2007

Zumbe besouro um ímã

Minha vó e suas brincadeiras dos tempos de menina.

As crianças todas em roda.

"Que pau que é esse?"

"É o pau de peroba".

"Que pau que é esse?"


Então a criança do meio:

"O veado quer sair!!!!!"

"O veado quer sair!!!"

E o coro em volta:

"Pode sair..."


Aí a criança escapava por entre as outras e saía em disparate, todas a perseguiam.


"A senhora já foi o veado?"

"Ah!" - disse ela rindo, possivelmente com o mesmo sorriso sapeca desde sempre. "Eu já fui o veado!"

sexta-feira, junho 01, 2007

Eu perdi o meu medo da chuva

Queridos leitores, com muito orgulho lhes apresento um outro endereço onde meu nome e minha palavra aparecem: http://www.fflch.usp.br/dlcv/revistas/crioula/capa.asp.

Um artigo: A poesia de António Jacinto; uma resenha: Os meus versos, de Rui de Noronha.
Mas neste site a conversa é outra. Aqui é só da fiada.
Ai, eu tenho tanto orgulho do meu trabalho no mestrado!
Estou aprendendo tanto!


Superfantástico amigo

Hoje no supermercado decidi não comprar uma marca de ovos porque a embalagem é de isopor. Comprei uma de embalagem de papelão, reciclável.
E estou reduzindo a quantidade de saquinhos de plástico, daqueles de embrulhar as compras. Esses saquinhos podem ser reaproveitados em casa como sacos de lixo, mas mesmo assim sempre vem muito mais saquinhos do que a gente precisa. Assim, pego do supermercado uma caixa de papelão, onde trago as minhas compras. É bem prático, e depois ainda mando a caixa para a reciclagem.

Fico imaginando a quantidade de coisas boas que as empresas poderiam fazer pelo mundo. As escolas particulares, por exemplo, se recolhessem lápis de cor que as crianças não quisessem mais, ou ainda papéis de rascunho, e distribuíssem em creches, nenhuma delas estaria desabastecida. Creche é outra instituição falida. Algumas ainda recebem ajuda da iniciativa particular, ou seja, ajuda das pessoas mesmo. Mas tem cada uma tão tristinha... nenhum ambiente para crianças deveria se parecer com um hospital triste. Nem hospital para crianças deveria se parecer hospital. Para mim, ver paredes frias e nuas em locais para crianças me corta o coração.