sexta-feira, janeiro 26, 2007

Me dá vontade de saber onde está você

Estou morrendo de saudades de casa... quero arrumar a minha cama, lavar a louça, fazer comida, pintar, estudar, ver televisão e ficar em paz.
Cultivar a paz deveria ser uma coisa tão fácil de se fazer: a paz deveria vir assim que pensássemos nela, assim que quiséssemos nos sentir melhor, assim que precisássemos nos sentir melhor.
Teve uma época que eu sentia que minha casa era bem a rua: eu estudava de manhã, trabalhava à tarde, trabalhava de novo à noite, então o ônibus era o meu sofá de descanso e a minha televisão era a janela, a minha sala de jantar era o bandejão da faculdade, o meu quarto era qualquer canto onde pudesse encostar a cabeça e dormir nem que fosse por 10 minutos apenas. Acabava o dia e eu não me sentia voltando para casa, pois lá não era o lugar onde eu passava a maior parte do tempo. Era uma espécie de pensão para pernoite.
Então esta questão de lar era muito mais "bem resolvida", porque não importava onde eu estivesse, estava sempre em casa.
Agora tudo é inóspito, nenhuma escrivaninha é minha, nenhuma cama é minha, nenhuma mesa, nenhuma pia, meu umbigo não está enterrado em nenhum quintal.
Estou presa e bruta e metida em alguma garrafa e não sei como quebrar o encanto.
Concedo três desejos a quem me achar no oceano e decifrar esta maldição de Salomão que está tatuada em meu rosto.
Enquanto isso chove e a chuva de mim leva e lava e livra a minha mente.
Boa noite, Rosely.

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