quinta-feira, janeiro 18, 2007

Sabiá

Estava outro dia discutindo com meus amigos sobre alguns problemas humanos da atualidade.
Para mim, o problema relacionado à falta de ética é o pior de todos.
A falta de ética, para mim, deriva do extremo individualismo que está tomando conta da sociedade.
Cada um por si. Conseguir se equilibrar neste mundo de dificuldades não importa como. À base não somente do próprio esforço, mas a partir do trabalho do outro.
Há quem saiba de autores que não escrevem as obras, apenas assinam. E para mim não importa o quanto pagaram a quem escreveu, isso não é coisa que se faça.
No ano passado, uma mãe ficou chorando migalhas para eu dar descontos em aulas particulares para sua filha, matriculada em um grande e caro colégio de um bairro nobre. Desconfiei que havia alguma coisa errada e não fui no discurso daquela mulher. Acabei não dando as aulas porque não quis alterar o preço de meu trabalho. Pouco tempo depois, esta mesma mãe me telefonou oferecendo dinheiro para que eu fizesse um trabalho escolar de sua filha. E nesta hora, "preço não importava".
Há falta de ética nas relações entre pessoas e nas relações das pessoas com o mundo. Desperdícios de água, de materiais, de dinheiro são exemplos típicos do quanto pode chegar a insensibilidade com a situação de escassez em que está e para a qual caminha a humanidade.
Até posso entender que alguém gaste uma fortuna comprando uma televisão enorme, um aparelho de som, qualquer outra tralha cibernética, e mais utilmente em tecnologias de saúde.
Agora utilizar o discurso de que é certo que cada um gaste o dinheiro que tem da maneira que mais lhe apraz pelo motivo de que é de legítima propriedade, ah, isso sinto muito não cai na minha lógica.
Porque digamos hipoteticamente que o mesmo indivíduo que gaste uma fortuna no bingo (para se divertir perdendo dinheiro, e isso é algo que me desafia o entendimento) muitas vezes pode estar regulando o quanto vai dispender na própria formação, se vale a pena colocar a mão no bolso. Pode achar que um salário mínimo é suficiente para seu funcionário porque o justo é o acertado.
Enfim, quantas professoras não reclamam que os alunos não demonstram mais o respeito sincero? Tem gente que afirma por que a escola precisa se adequar mais às novas tecnologias e aos novos tempo. Acredito que o fator exemplo do que se vivencia em casa conta muito mais do que qualquer outro.
Nada como aliar os seus interesses e as suas ambições não somente pelo seu bem e da sua família, mas também às necessidades do mundo. Porque quando a gente passa a adotar atitudes, posturas e pensamentos de modo a beneficiar a gente e outras pessoas e a natureza, mesmo que seja uma pequena contribuição, vive-se com leveza, com consciência, com lucidez, com o coração leve e mais feliz.
E plantamos amigos que são anjos nas horas que precisamos, e melhoramos nossa saúde e nosso bem estar.
Enfim, há muitos benefícios de se adotar uma escolha ética a favor de todos nós.
A plantação de paz tem que ser todo dia.

2 comentários:

Érica Antunes disse...

Que lucidez, Rosely!
E isso da pechincha... ave! Só nos cabe, de fato, carregar a nossa gotinha para ajudar a apagar o incêndio...
Um beijinho.

Anônimo disse...

Clap clap clap!
Meu favorito ate agora. Cheio de razao, cheio de emocao, cheio de verdade verdadeira!
Amei!
Mada