sábado, março 17, 2007

Que só leva pouca gente

Ontem foi um dia excepcional.
Não que tenha sido muito fácil. Foi bem cansativo.
Mas em compensação é um daqueles dias de minha vida que vou me lembrar por muito tempo.

De manhã tive uma reunião com Tania, a minha orientadora de mestrado. Dá um frio na barriga porque o meu texto de dissertação está se tornando uma realidade cada vez mais séria. Vou poder escrever tudo o que eu tenho a dizer. O frio na barriga é uma mistura de medo, que não quero fazer um trabalho medíocre, e ao mesmo tempo de felicidade. Então posso dizer que esta reunião, apesar de curta, foi bem emocionante.

Em seguida, almocei com alguns amigos de curso, com os quais discuti uns textos que seriam apresentados em uma outra reunião com o grupo todo. Tão importante quanto entender, discutir e aprender, tem este incrível contato com o pessoal, e a gente descobre as possibilidades de se expressar e ler o mundo.

Chegou a hora da reunião, nos esprememos todos em uma salinha das "catacumbas" (há um corredor de sala de professores nas letras que parece um corredor de masmorras). Apesar dos barulhos suspeitos, imaginamos que não há por ali fantasmas centenários, porque o prédio é de certa maneira recente e ainda não formou um conjunto intenso de expectros poderosos.
Então começou a chover, chover, um dilúvio.
Aí que começamos a trocar algumas impressões de nossas vidas e descobrimos algumas estórias incríveis um do outro.
Bom quando a gente encontra pessoas com quem compartilhar cumplicidade.
Dá uma satisfação.

As aventuras não pararam por aí: superando as dificuldades e obstáculos da cidade, conseguimos continuar reunidos até uma da manhã. Ainda debruçados nos textos que discutimos o dia inteiro. Haja neurônio!...

Eu, Márcio, Lisângela e Rosângela enfrentamos um trânsito surreal ao tentarmos escapar da Usp.
No meio do caminho, paramos para jantar no Extra. Com direito a todo glamour do mundo.

Na escada rolante:
__ Será que tem banheiro aqui?
__ Ah, sim! - eu respondi - Eu também quero ir ao banheiro...
Então a Rosângela me comentou uma coisa, eu respondi outra. Quase no piso superior:
__ Estamos longe?
E eu:
__ Do banheiro?
__ Não! Da casa da Tania! - para onde estávamos a caminho.

No banheiro:
__ Sabe que na Europa os banheiros são unissex? - comentei.
__ Você foi muitas vezes?
__ No banheiro?
__ Não! À Europa!

Não sei porque esta estranha fixação pelo banheiro, mas foi uma cena dessas que se a gente tenta imaginar, não consegue. Tem que acontecer para a gente acreditar que é possível.

Enfim, este apanhado de momentos deste dia me deixaram muito feliz. Mais satisfeita ainda quando cheguei hoje ao computador e vi que meus colegas já tinham se manifestado, comentando o dia e a reunião da noite. Isso quer dizer que não só vivi este dia com muita intensidade, como compartilhei estes momentos importantes com outras pessoas muito especiais.
Sei que às vezes fico emotiva um pouco além da conta, mas tenho que dizer: como agradeço por viver assim, tão cheia de estórias para contar. Agradeço aos meus amigos, que tornam todos estes milagres cotidianos acontecerem. Parece que se desenha um sorriso dentro de mim quando tanta coisa que me faz a vida valer a pena se faz presente. Pequenas e grandes coisas. Deixo de ser uma criança assustada, que viveu situações em que tudo saiu do controle e desabou sobre minha cabeça. Passo a ser uma super-heroína poderosa capaz de resolver mil coisas ao mesmo tempo. Aperto a mão do afeto. Pisco um olho para o bem. Enxugo a testa.

Durmo nas nuvens do Olimpo.

Um comentário:

Érica Antunes disse...

Oi, Rosely!
Vim ver o que tinha de novo no blog e o que encontrei? Ah, que bacana vc "represar" esse dia pra sempre! Para mim tbém foi uma sexta-feira inesquecível... a idéia da Tania de fazer reuniões mensais foi muito feliz, né?! Além do contato que a gente mantém com o grupo, as discussões são super proveitosas... ai, que nem vejo a hora de chegar o dia da próxima... e vai ter o nosso seminário e tudo, né?!!
Beijão!
Érica