sexta-feira, maio 25, 2007

Pelo menos esta noite, não

Hoje eu acordei, tudo estava gelado por causa da noite muito fria. As coisas estavam, em seu interior, frias. A parede, fria. A comida, fria. A palavra, fria.
Mas ainda bem que veio o sol. Assim tudo pode ser colocado ao descongelamento.
O frio parece que traz uma imobilidade, das coisas e dos pensamentos. Atenta-se a uma expectativa.
Será que morreu alguém na rua hoje? Quantas pessoas na rua dormiram impercebidamente, aspiraram o frio, o frio retirou a vida?
Hoje as pessoas vão sair de suas casas como se nada houvesse acontecido.
Vão sair e ignorar o luto que tanto quanto o frio se espalha pelo ar da cidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que triste... "Ignorar o luto que tanto quanto o frio se espalha pela cidade"... Muitas vezes a gente ignora o luto dos outros mesmo... Ignora o frio dos outros... E muitas vezes acabamos por ignorar o nosso próprio luto e o nosso próprio frio (de tanto que estamos acostumados)...

As manhãs frias tem essa tristeza embutida. Essa falta de comunicação, vontade de estar quieto, ausência de palavras, quase uma ausência de sentimentos... Mas as manhãs frias trazem algo de bonito. Bem lá no fundinho uma manhã fria tem desejos... Quem ouve?

Beijo grande. Camila.