domingo, agosto 19, 2007

Sem lenço, sem documento


Quando a gente fica de luto, pensa mais sobre a morte.

Assim estou esta semana.

Morte para mim é partir para uma viagem deixando para trás todas as nossas coisas. Viajar sem mochila, na companhia de ninguém. Só levando o que se tem no coração e na mente.

Uma viagem sem volta, interrompendo tudo o que se estava fazendo.

Uma vez fiz uma viagem muito longa. Quando cheguei em casa, percebi que tinha me esquecido de muitas coisas minhas. Quando cheguei, descobri uma vida de presente para mim: a que tinha deixado e que poderia recuperar. E como estava liberta de tudo, tive a liberdade de não repossuir as que não me deram o alívio da ausência.

Percebi que não era tão difícil abandonar tudo.

Mais triste é para quem fica, porque a presença de nossa passagem pelos lugares e pelas coisas está impregnada. A nossa presença-ausência incita a saudade.

Saudade de quem vai. Esperando a nossa vez. Torcendo para que não fiquemos sós enquanto não vamos. Torcendo para nossa vida ainda faça muito sentido.

Apegos construtivos e destrutivos. Enquanto não chegou ainda a nossa hora, aprendamos com a morte a desfazer do que não precisamos, a desfazer do que nos prejudica. Apeguemos ao que nos fortalece, ao que nos dá alegria.

A quem foi: boa viagem! Torço pela sua sorte e pela sua felicidade.

Que encontre paz no meio do caminho.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que bonito e triste texto...

Espero que esteja tudo bem com vc... Fiquei preocupada... Pra quem fica sempre dói... E muitas vezes é uma dor para a vida inteira....

Um abraço apertado. Estava com saudades de passear por aqui. Um beijo. Camila.

Anônimo disse...

Nossa, Rosely... Fiquei sabendo na semana passada o que aconteceu... Fiquei muito chocada... Morte assim ´´e tão difícil de entender... Imagino o quanto a pessoa estava sofrendo...

Espero que vc, como amiga, esteja melhor... Existem coisas que a gente não compreende nunca, né?

Um beijo. Quando eu tiver um tempinho, passo por aqui pra comentar. Camila.