terça-feira, março 28, 2006

Eu sei que a vida pode ser bem melhor e será

Ser voluntário é muito mais simples do que se imagina. É assumir uma atitude. Basta seguir a sua vocação e exercer a sua cidadania.
O pouco de atenção que se dispensa a outrem ou ao planeta já promove muitas mudanças.
Dar lugar a uma grávida no ônibus, oferecer informações a alguém na rua, separar o lixo do material reciclável em casa, defender-se no Procon já são bons exemplos de cidadania. Fáceis. Eficazes.

Ficar esperto
O ideal é atuar pessoalmente, porque aí se tem certeza para onde está indo seu dinheiro e sua dedicação. Infelizmente, há muitas ongs no mercado, grandes e famosas inclusive, interessadas mais no lucro pessoal/institucional do que no bem comum. Em qualquer área de conhecimento existem picaretas, e infelizmente na de responsabilidade social não há excessão. Porém, não podemos perder a esperança na humanidade. Visitar o local ou depositar dinheiro diretamente na conta corrente da organização também é mais recomendável. Confiança se conquista e se mantém com seriedade. Trabalhos idôneos estão à disposição de sua averiguação e permitem diálogos.

Reflexões de um andarilho
Às vezes estou em São Paulo com a impressão de que as pessoas têm a impressão de estar vivendo em um país de primeiro mundo. Isso porque o conforto da tecnologia está presente na maior parte das casas que visitamos, porque empresas encontram possibilidades de negócios com o mundo todo através da internet, porque vemos carros de último tipo, com acessórios espetaculares, cruzando avenidas grandes de nossa cidade, porque há serviços 24hrs de qualquer coisa que se possa precisar em qualquer hora do dia e da noite, porque temos convênio médico e observamos clínicas em esquinas de nossas casas oferencendo especialidades que nem imaginávamos que existiam. A comunicação instantânea nos dá a impressão de que conhecemos tudo do mundo todo. Mas muito próximo a nós existem condições de existência além da pobreza e da falta de informação. Infelizmente, falta sensibilidade a nossos governantes, que preferem gastar dinheiro em estrutura anti-mendigo do que prestar mais atenção às precárias condições de albergues. Eu visitei um uma vez, não gostei nada do que vi. Quartos desorganizados, ambiente sujo, corredores suspeitos. Pessoas sentadas no chão, ociosas. Não é de se estranhar que muitos indivíduos prefiram dormir ao relento ou embaixo de pontes, por perceber que certos ambientes de assistência insinuam doença e perigo.
É fácil pensar que pobres precisam de cesta básica e leite, e não de faculdades. Que precisam de uma alfabetização suficiente para pegar ônibus para ir ao trabalho e não para aprender direitos como cidadãos e fortalecer senso crítico e análise para se posicionar e se defender na sociedade. Que não precisam de estruturas urbanas bonitas, que construções feias lhe bastam, e efetivamente os bairros pefiféricos são feios, de aparência muito distante das grandes e iluminadas avenidas. Que o meio ambiente, como a área de mata atlântica próxima ao Parque do Ipê, não precisa de um planejamento de menor impacto ambiental em nome do progresso.
Um crime aberto está sendo desferido contra a juventude nas escolas estaduais. Ninguém repete de ano, também não é alfabetizado direito. Os professores enfrentam desafios diários além de suas possibilidades. Concurso público? Tem concurso aí que oferece salário de R$ 4.000,00, mas não para educação e cultura. Definitivamente, não estamos no primeiro mundo.

Um mundo melhor é possível
Mas acreditem: muitas pessoas lutam contra tudo isso. Muitas pessoas estão unidas através de um ideal de um mundo melhor.
Quando participei do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, dois extremos se apresentaram a mim. O primeiro diz respeito à quantidade de pessoas e de projetos empenhados na reestruturação social. Gente do Brasil e do mundo. Projetos de alta qualidade. Ponto positivo para as pessoas. O segundo diz respeito à pobreza de informações na mídia sobre todas as coisas maravilhosas que aconteceram por lá. Quando eu vi na televisão o show do Jorge Ben Jor como o auge do fórum, fiquei triste. Não que o show não tenha sido importante, porque é necessário comemorar, é necessário se divertir. Mas na minha opinião foi café pequeno em vista de todo o resto que estava acontecendo. Quando vi jornais respeitados comparando o fórum a um woodstock, aí sim eu fiquei revoltada de verdade. O fato é que ninguém, a não ser quem foi lá, ficou sabendo do que realmente se trata o evento, qual seja, o fortalecimento de atuações sociais de alta densidade. Ponto negativo para a mídia.

Mãos à obra
Cenário desanimador? Sim. Violência? Também. Tristeza e miséria? Nem se fala.
Mas não podemos nos nutrir do que vemos de triste. Mais vale voltar para casa ter feito uma criança sorrir, ter conversado com um idoso, ter encaminhado papel para reciclagem, doar materiais (roupas, livros, objetos) que não se usa mais, na certeza de se ter contribuído para um dia feliz e produtivo de alguém. Porque um dia feliz pode alterar um caminho. Só a presença de um voluntário já faz com que o assistido se sinta importante. É bom se sentir notado, se sentir atendido. Quando nos falta a possibilidade de causar mudanças radicais, acreditemos na força das pequenas intervenções.

E sim, eu tenho uma sociedade beneficente muito idônea para recomendar: www.instituto.org.br. (não reparem... às vezes está fora do ar por falta de verba...)

2 comentários:

Eu canto no chuveiro disse...

Eu AMO meu trabalho voluntário!

RECOMENDO!

Anônimo disse...

POis e... trabalho voluntario... Com uma vida corrida que temos nem da muito para pensar em fazer um nos proximos anos por aqui. Aqui muito se faz usando trabalho voluntario. MUITO MUITO. Mas descobri que ONGs nem sempre sao serias. Ja chegamos sim, a oferecer o trabalho gratuito de um engenheiro formado, com mestrado e MBA (meu Ewandro) para dar aulas de base para adolecentes que saem das ruas, que recomecam a vida (aquele senhor que passa na televisao daqui dizendo que ajuda tantos jovens de rua). E sabe do que? Nunca ligaram de volta.

Mas sim, o trabalho benevole e super importante, acima de tudo, porque e feito de coracao, e nao esperando uma recompensa monetaria no final do mes. A maior recompensa que a gente tem e realmente uma pessoa que aprende um pouco, um sorriso, uma dor a menos, enfim, algo que fique como uma minuscula heranca para os que virao... Sao dessas minusculas herancas que o mundo vai se fazendo melhor.

Adorei seu post.

Mada