quarta-feira, março 22, 2006

O sonho é meu e eu sonho que deve ter alamedas verdes

Aventuras pela cidade...

Estava eu outro dia andando pela rua, voltando para casa, descendo a avenida, vem um cachorro subindo, na minha direção. Ambos vínhamos rente aos muros das casas. Ao nos encontrarmos, pensei que ele desviaria de mim, mas não... parou, olhou para cima como que dizendo: "Com licença, você está no meu caminho..." e esperou que EU desviasse. Fazer o que... desviei, né... e fiquei rindo o resto do percurso.

Ontem no ônibus, dentro da USP, vi um casal jogando frescobol no gramado. Sabe quando você tem a impressão de ver uma cena completamente fora do lugar? Numa praia talvez... e não estou criticando, não! Antes elogiando: faz bem à saúde fazer exercícios. Faz bem à saúde poder brincar na grama. Faz bem à saúde dividir seu tempo com quem você gosta. Esta cena pareceu fora do lugar porque nunca tinha visto alguém jogar frescobol em pleno horário comercial em um dia da semana seja lá onde for nesta cidade de São Paulo. Quem dera eu olhasse pela janela do ônibus e visse mais gente brincando, rindo, se divertindo, feliz da vida e feliz com a vida!!...

E semana passada presenciei uma cena mais inusitada. Estava quase chegando em casa quando vi um homem, carregador de carroças de papelão, plásticos e afins, cambaleando. Primeira impressão que tive é que estava bêbado (ê, preconceito, viu? que vergonha...). Ele reduziu o passo e acabou caindo no chão, a carroça em seguida por cima dele. Corri até ele, tirei a carroça, perguntando: "O senhor está bem?". Ao constatar que ele estava trêmulo, sem me responder, decidi chamar 190. Mas não foi preciso, porque logo em seguida veio uma moça correndo e segurou-o de lado, me avisando: "Ele está tendo um ataque de epilepsia. Fique tranquila, sou enfermeira". Puxa, nunca tinha visto um ataque desses, e sinceramente nunca imaginaria que fosse isso, porque para mim seria algo muito mais contundente, não um tremor leve.
Bonito foi ver a reação das pessoas na rua. Uma outra moça, que estava um pouco mais à frente, veio correndo (de salto alto e tudo) perguntar o que estava acontecendo, se a gente estava precisando de ajuda. Os carros que passavam perguntavam se queriam que chamassem a ambulância. Pedestres que nos viram tinham a mesma reação. Ajudaram a colocar a carroça mais perto da calçada. Cada um queria fazer alguma coisa.
No fim de um minuto, o ataque passou. Todo mundo respirou aliviado. O homem explicou a quantas andavam seu atendimento no hospital das clínicas, que teria consulta dali dois meses (ainda agradecendo por ter conseguido esta consulta na rede pública).
É triste que presenciemos falta de atendimento de saúde de qualidade (ou no mínimo suficiente) para a população. Que muitas pessoas estão à mercê da pobreza e da miséria, sem amparo do governo ou da sociedade.
Mas é gostoso ver um ato de solidariedade, não é mesmo?

2 comentários:

Anônimo disse...

Ro, Nem so nas suas palavras a gente ve a grande pessoa que voce e.

Continue seus relatos tao interessantes que me fazem logo de manha, assim que entro no trabalho, abrir o computador para ler mais e mais pedacinhos de vida de Rosely.

Abracos

mada

Eu canto no chuveiro disse...

É bonito mesmo ver as pessoas se ajudando, especialmente nos dias de hoje onde a maioria das pessoas só pensa em si própria...

E você me lembrou algo que aconteceu comigo.

Quando eu ainda estudava no Mackenzie, encontrei uma menina tendo uma convulsão no banheiro. Ela também não se mexia, só estava deitada no chão do banheiro. E o mais incrível é que as pessoas entravam, usavam o banheiro e saiam, como se nada estivesse acontecendo! Não sei como, eu percebi que ela estava tendo uma convulsão (não sei como mesmo, pq eu tb achava que pessoas com epilepsia ficavam tremendo no chão). Segurei a cabeça dela (só pra me certificar de que não estava batendo a cabeça no chão) e fui chamar ajuda.

Mas ainda fico chocada ao me lembrar do entra e sai no banheiro, como se a menina fosse simplesmente uma parte da pia!