sexta-feira, setembro 26, 2014

FIC Uma cena matinal

Hotch chega ao prédio de seu trabalho.
Faz um dia não muito frio, nublado, sem sol.
Mais uma saga de desafios.
Um monte de burocracias a dar conta. Papéis. Telefonemas. Preocupações.
Passa no segundo andar para entregar um relatório de gastos. Previsões de gastos.
Desta vez, tinha certeza de que seria o último de sua equipe a chegar. Trabalhou quase a noite toda, mas valeu a pena – tirou o atraso de muitas leituras e redações. Estariam todos concentrados, trocando idéias, comunicando-se com todo o país. Centenas de atendimentos a fazer.
Quase chegando ao elevador, surpreende-se com uma voz chamando:
“Olá?”
“Pois não?”
Era uma mulher que o chamava, com metade do corpo para dentro do banheiro feminino.
“Eh... estou no meio de uma situação complicada, você poderia me ajudar?”
Era uma mulher atraente, alta, morena. Um leve sotaque... talvez, sul americano? brasileiro?
Hotch, meio surpreso, sem jeito, imaginando em que tipo de situações difíceis uma mulher poderia se envolver num banheiro feminino, responde:
“Você quer que eu chame alguém para te ajudar?”
“Por favor, não ria...”
Em seguida, ela mostrou-lhe a mão. Em seu dedo indicador, havia presa uma embalagem de hidratante, já amassada e com marcas de mordida.
Ah, puxa! Que embaraçoso! Ela foi tentar tirar do pote o restinho de hidratante e o dedo ficou preso pelo vácuo! Não era bem um problema gigantesco com o qual Hotch estava costumado a lidar, mas mesmo assim ele se condoeu com a situação.
Paternal de seu jeito, super-homem pronto a salvar o mundo, não podia dar as costas para ela. Provavelmente ela estava indo a uma reunião importante, pelo seu jeito de vestir, a sua insegurança era nítida em sua voz, a última coisa que precisava era pagar um mico diante daquelas pessoas do FBI que sabiam ser intimidadoras.
“Oh!” – respondeu ele – “na verdade não é um problema difícil de resolver! Precisamos abrir um buraco na embalagem para ela se soltar!”
“Mas eu não tenho nada cortante! Já tentei arrancar até com os dentes e não resolveu!”
“Não se preocupe... tenho uma tesoura em minha sala! Vamos até lá e resolvemos isso em 5 segundos”
Ela enfiou a mão em sua bolsa para transitarem pelo prédio, agradecendo imensamente pela gentileza de Hotch.
Quando eles saíram do elevador, Reid, Morgan e Prentiss estavam de pé, em volta de uma pasta. A interrogação em seus rostos ficaram evidentes.
“Mas quem é esta mulher?”, pensa Prentiss, sem se dar conta que tal visão tinha lhe deixado imensamente desconfortável.
Hotch levou a acompanhante a seu escritório e fechou a porta.
“Ok... o que vocês acham que está acontecendo? Vocês viram a expressão desta mulher que está acompanhando Hotch? Certamente se trata de uma visita social, não há negócios sendo tratados naquela sala”, comenta Morgan.
“Ah, não podemos saber sobre isso”, retruca Prentiss.
“Certo”, responde Morgan com ironia na voz.
Poucos momentos depois, a porta de Hotch se abre. Ele e a misteriosa desconhecida se dão as mãos. Ela evidentemente satisfeita. Balançando a cabeça, visivelmente agradecida. Hotch sorrindo? Como é possível? Aquela relação amistosa começa a ferver o sangue de Prentiss.
Ela se senta. “Mas o que está acontecendo comigo? Por que estou tendo esta reação?”
A desconhecida passa por entre as mesas, dirige-se ao elevador. A equipe observa.
“Aposto que Hotch a chamou para sair”, comenta Reid, distraído.
Prentiss resolve se enfiar para dentro de sua mesa, concentrada em um papel qualquer. Não pode desviar o olhar, não pode olhar para seus companheiros. Ninguém pode perceber. Ela respira fundo, torcendo para que ninguém a chame nos próximos minutos, necessários para que ela recupere o fôlego.
“Isso é tão imprevisto!”, ela pensa.
Mas não tinha importância. Assim que ela olhasse para Hotch, ela saberia se aquela mulher teve algum significado em seu dia.
Ela ficaria atenta aos seus gestos, à sua voz, ao seu comportamento. Perceberia qualquer mínima alteração que lhe respondesse algumas perguntas sobre aquela mulher misteriosa.
Mas teria ela controle sobre seu inesperado ciúmes?
Hum...

Fic escrita no orkut, dia 01/07/2009

Nenhum comentário: