quarta-feira, abril 19, 2006

And I do appreciate you being around

Ringo, em seu início de carreira junto aos Beatles*, ficou gripado e com amigdalite. Não pôde acompanhar o grupo em uma turnê. Foi substituído naquela estação. Ao ser questionado sobre o que sentiu na época, já marmanjão, respondeu: "Sim, eu me senti deixado de lado... Pensei que eles não gostassem mais de mim..." Juro que ele ainda fez biquinho ao proferir estas palavras.Por estas e outras, Ringo é o meu Beatle preferido! Por se firmar humano, vulnerável como todos um dia nos sentimos. Já ouvi alguém dizer que Ringo levou a melhor por se filiar a três gênios, saiu com a fama melhor do que se tivesse feito carreira sozinho. Mas será que os Beatles seriam os Beatles sem a sua batida impecável? Seu jeito inédito e pessoal de marcar as batidas? Sei lá. Pergunta sem resposta. Mas o fato é que Lennon, Paul e George procuraram pelo melhor baterista de toda Liverpool e o encontraram. Ringo retornou ao grupo depois de ter tomado muito sorvete e talvez alguns anti-inflamatórios. E aconteceu tudo o que aconteceu depois.

Sim, o que seria de nós sem os nossos amigos. Rendo homenagens àqueles que conheci, mesmo aos que me esfaquearam pelas costas. Até o momento em que me mentiram e me estelionataram, contribuíram para eu ser a pessoa que sou. Se pensarmos bem, até as decepções nos ajudam a sermos o que somos.
Ultimamente tenho reencontrado, ao vivo e virtualmente, muitos amigos que não via há anos. Anos luz. Bons amigos. Pessoas que esperava reencontrar. Pessoas que imaginava que nunca mais ouviria falar. Nem sei se consigo descrever esta sensação, a de resgatar as lembranças, as presenças, as cumplicidades, os afetos. Resgatar a minha vida, praticamente, a minha estória, tudo o que aconteceu comigo. Encontrar estes rostos do passado me afirmam que tudo o que se passou não foi um sonho, não foi uma vivência que passou e acabou. Não é incrível conversar com alguém e sentir o mesmo carinho, os mesmos sentimentos? Isso só pode significar que este conjunto de sensações não são irreais. Quando a gente gosta de alguém, quando nosso coração bate mais forte em alguns momentos, ou quando nos sentimos mais seguros, mais à vontade, mais felizes ao lado de nossos amigos, nada disso se perde. Estará sempre conosco. É como passar por uma escola e nunca esquecer o que estudamos (ao contrário do que acontece com tudo o que estudamos, hehehehe). Estou me sentindo muito real, com uma bagagem repleta. Nenhum reconhecimento poderia ser melhor: as pessoas com quem conversei se lembram de mim. Lembram-se de episódios. Lembram-se de fatos. Estiveram lá, comigo. Não todas, lógico. Mas ninguém precisa reconhecimento do mundo inteiro. Uma pessoa só de um grupo de mil já é pedra preciosa mais valiosa que o resto.

É, Ringo... o que seria de nós, mortais, sem os nossos amigos?




*Que me perdoem os ficcionistas de Beatles, mas eu também me arrisco a comentar sobre eles, apesar de não ser autoridade no assunto... Não sou enciclopédia beatle-maníaca, mas também sou fã.

2 comentários:

Eu canto no chuveiro disse...

Nossa, Rô... é mesmo uma coincidência de posts... desse aí de baixo! Ou não, diante dessa nossa situação mais que absurda...

Bom, eu tinha vindo aqui pra dizer que sim, que seria muito legal escrevermos um revista... mas aí me deparei com esse post perfeito e fiquei pensando se eu realmente escreveria algo à altura... E agora, já não sei mais...

Hum... será que estou dando uma de Ringo? Humano, demasiado humano?

Anônimo disse...

e eu que fui surpreendida com contos de encontros... Que boa surpresa... Que boa surpresa de re-encontrar uma boa amiga de tao longe no tempo e em distancia...
Saudades
Mada