sexta-feira, abril 14, 2006

Troque seu cachorro

Hoje vou falar mais um pouquinho dos cachorros...
Como se sabe, infelizmente há muitos cachorros abandonados na USP.
Mas os cachorros parece que ficam alheios a esta condição de abandonados e por vezes formam matilhas, curtindo uma verdadeira vida selvagem.
Durante o dia, passeiam para cá e para lá. À noite, reúnem-se. Eu e o Márcio mais de uma vez já ficamos cercados de cachorros, à pé ou de carro, principalmente perto do Crusp.

Outro dia eu estava na porta do Cepeusp (o clube) e presenciei umas cenas curiosas: um cachorro vinha andando pelo estacionamento, ia direto para a entrada do cepê. O guardinha batia o pé, espantado o cachorro seguia em frente. Dali a pouco outro cachorro, seguindo o mesmo percurso, como uma formiga. Novamente a batida de pé. Alguns minutos, outro cachorro... Caramba! Os cachorros fazem tudo a mesma coisa... o mesmo caminho, a mesma expressão na cara, a mesma língua de fora... Se não fossem de tamanhos e cores diferentes, ia pensar que estava com febre, tendo delírios, ou vivenciando uma brecha quântica do tempo, o déjà-vu.
Mas de vez em quando vejo um cachorro para dentro do clube. Antes de ontem, eu e o Oluemi (meu irmãozinho de mestrado) estávamos tomando um Mupy na lanchonete, uma cachorrinha prenha ficava fazendo gracinhas ao nosso lado. Inclusive uma vez eu estava sentada por ali mesmo, distraída vendo um pessoal correndo na pista de atletismo logo após o gramadão. Qual a minha surpresa quando vejo correndo também um cachorro, na mesma direção e no mesmo ritmo. Acho que ele entendeu a necessidade de se exercitar.

Mas os episódios mais engraçados ficam por conta do teatro. Lá na ECA todos os fins de semana tem apresentações gratuitas, montagens dos alunos de artes cênicas e da EAD.
Uma vez fui assistir a uma apresentação dirigida por um amigo meu. Retiramos o ingresso, mas a entrada não foi permitida, ficamos para fora do prédio inclusive. Em seguida percebemos o porquê: alguns atores vieram andando pelo pátio, encenando uma procissão. O primeiro ator, muito alto, vinha vestido de um hábito longo e com capuz. Trazia na mão uma espécie de chocalho, que ele balançava e fazia ecoar um som metálico: blém, blém, blém, blém... Este início nos transportou para um ambiente litúrgico, cuja seriedade das expressões nos transmitia dor, talvez de um funeral.
Mas de repente apareceu um cachorro latindo, atraído pelo barulho. Ficou latindo para o ator. E não foi o único, começou a sair do mato um monte de cachorro, que latiam até ferozmente para as pessoas. Não pude conter o riso. Este imprevisto não estava no roteiro, mas os atores seguraram o medo e o espanto e não saíram das posturas assumidas. Depois entramos todos para o teatro, assistimos a peça e esquecemos os cachorros.
Mas houve uma outra apresentação ainda mais inusitada.
Foi numa vez que fui assistir a uma peça chamada Ping. A apresentação foi em um gramado atrás da faculdade.
O público todo de pé, olhando para o ator, que dizia umas frases sem sentido e repetia algumas palavras sem muito nexo. Tudo indicava um tédio total do início ao fim. Mas aí apareceu a cachorrinha, que se aproximou do ator e começou a latir para ele. Ficou muito engraçado: o ator falando, a cadela latindo. Do nada ele começou a correr pelo gramado, contornando-o. Óbvio que a cadela foi atrás. Ficou engraçadíssimo. Parado de novo, falando de novo, o ator voltou para o ponto de partida, repetindo novamente as frases e as palavras. A cachorrinha ficou ao seu lado, olhando para o público, que por sua vez só olhava para ela. De repente ela começou a latir, mas desta vez para nós. Ninguém estava entendendo o que havia motivado tal reação, mas logo percebemos que o guarda havia aparecido. Não teve jeito: o guarda teve que se esconder. Mas acho que ele estava meio curioso quando à peça e aparecia de vez em quando, e a cachorrinha não hesitava: latia todas as vezes que o via.
Então apareceram outros atores, trazendo alguns objetos cênicos, uma mesa. Nem por isso a peça melhorou: tudo esquisito e entediante. Trouxeram uma bacia de água que ficou bem no meio do gramado. A cachorrinha não teve dúvida: foi lá e bebeu água. Passou por cima da bacia. Voltou. Bebeu mais água. A estrela da peça. Passados alguns minutos, chegou uma outra atriz que sentou na bacia, se molhou toda com a água, jogou água para cima. O público mal continha a risada. Nossa vontade era gargalhar... Ai, cachorrinha, ainda bem que você estava lá. Salvou a minha noite.
Mas eu não fiquei para conferir o final da história. Estava muito chato.
Espero que a cachorrinha tenha sido bem aplaudida.

Quanto ao título deste post, não estou convidando as pessoas a trocarem o cachorro por uma criança pobre, não. Esses bichinhos safados são uma alegria para nossa vida. As leis de maltratos a animais deveriam ser mais rigorosas e mais ativas. Alguém que maltrata animais só pode ser doente e necessitado de ajuda psiquiátrica.
Por isso, sugiro uma alteração na música:

Uauuu, Uauuu, Uauuu... Ahhh...
Uauuu, Uauuu, Uauuu... Uhhh...
Baptuba, uap baptuba
Baptuba, uap baptuba
Baptuba, uau uau uau uau uau

Adote seu cachorro... aúúú...
Adote seu cachorro e uma criança pobre...

(Baptuba, uap baptuba)
Sem parente, sem carinho, sem ramo, sem cobre
(Baptuba, uap baptuba)
Deixe na história de sua vida uma notícia nobre...

http://eduardo-dusek.letras.terra.com.br/letras/117822/

2 comentários:

Eu canto no chuveiro disse...

Acho que querem ser atores tb... mas é tão difícil passa na prova de EAD, né?

Ou estavam vaiando???

Rosely Zenker disse...

hahahahaha
Cachorro é o máximo, mesmo!!
Ainda tem gente que acha que animal é irracional....