sexta-feira, abril 14, 2006

Leão! Leão! Leão! Rugindo como um trovão!


Quem é leão tem que ser leão.

Há por aí pela cidade um conjunto de dois out-doors.
O primeiro apresenta um leão de juba como ela é em sua plenitude: armada, grande, exuberante.
O segundo mostra um leão com o cabelo lisinho e penteado, gravura que nos faz rir.
Deve ser propaganda de um shampoo, creme de pentear ou similar que pergunta: 'cabelo armado e com friz?' e promete uma "solução", ou seja, tira o volume e alisa. Anuncia-se um produto que vai transformar o cabelo e a aparência. Como se cabelo armado e com friz fosse uma característica ruim, um defeito a ser "arrumado", "consertado". Não é à toa que a gente ri do leão penteadinho, porque esta imagem remete ao cômico, ao ridículo.
É descabido que justo o leão, o rei da selva, tenha problemas de auto-estima e não goste da própria juba. A juba é o seu orgulho, a sua diferença, a sua marca de poder e de beleza. Alguém consegue imaginar um leão que chora com pente na mão diante um espelho porque seu cabelo não diminui de volume? Eu pelo menos só consigo imaginar um leão que exibe sua juba pela floresta, com a cabeça erguida. Imagino, inclusive, a cobra venenosa morrendo de inveja. Porgue não tem juba exuberante, não tem como se destacar à longa vista.
Deixemos estas línguas de cobra para lá. São maldades que tentam sem êxito destituir o leão de seu trono. E que se o leão quiser alisar o cabelo para testar as suas possibilidades de ser e estar no mundo, tudo bem. Mas que não odeie a sua juba armada e com friz, porque ela é linda, é maravilhosa.

Quem é leão tem que ser leão.

Um comentário:

Anônimo disse...

É! E cada vez mais instalam-se preconceitos na sociedade; me lembrei do Lenny Kravitz (sei lá como se escreve o nome dele) quando (sei lá por qual motivo) ele deixou de ter o cabelo armado, tipo Black Power e alisou-o todo (retirou o friz, hehe) ficou ridículo... deixou de ser o Lenny Kravitz negão saradão e transformou-se em uma versão Michael Jackson mais robusta...
Lembrei quando eu e Rosely fomos até a Bahia, lá em salvador víamos muitos negros, certa noite fomos ao shopping jantar e, para nossa surpresa não víamos nenhum negro, nem ao menos um mulatinho, ou mulatinha, por fim encontramos dois negros e uma mulata, esta última trabalhava em uma loja de perfumes e seu cabelo estava todo esticado para trás, como se fosse norma da loja: "Seja mais branca, tire essa armação natural de seu cabelo, passe gel e estique-o, perca sua naturalidade e perca o 'friz', fique igual áquele leão da propaganda, desvalorize o que vc tem de belo, pois nossa sociedade e cultura não gosta"... triste! mas... é isso!